Forget the battery» foi o que nos disseram à saída de Lisboa, a cidade escolhida pela Renault para dar início à apresentação internacional. Mal entrámos no carro, demos com a mesma frase num autocolante que tapava o indicador de bateria. Uma pequena “provocação” da Renault com o objetivo de demostrar que a ansiedade da autonomia não faz sentido no novo Zoe Z.E. 40. Isto porque relativamente ao Zoe anterior, que se mantêm disponível, a bateria aumentou para o dobro! O que significa que, pelo menos em teoria, o Z.E. 40 tem uma autonomia máxima de 400 km. Substancialmente acima do que a concorrência disponibiliza. Por exemplo, a autonomia máxima do Nissan Leaf (30 kWh) é de 250 Km e o BMW i3 (33 kWh) fica-se pelos 300 Km. Valores NEDC, já que é a própria Renault a indicar que a autonomia máxima real é de cerca de 300 Km (em utilização real, os valores máximos do Leaf e do i3 também são significativamente mais baixas que os valores indicados).

Medimos consumos reais pouco superiores a 16 kWh/100 km
Dá para Lisboa-Porto?
Conduzimos o Zoe em redor de Lisboa e incluímos no percurso uma viagem em autoestrada que uniu a CREL à A16 e depois à A5. Primeira conclusão: em velocidades típicas de autoestrada, será impossível chegar aos 300 km. Aliás, a uma velocidade em redor dos 120 km/h, a autonomia deverá ficar algures entre os 220 e os 240 km. Isto a acreditar nas informações do computador de bordo porque não tivemos a oportunidade de percorrer esse tipo de distâncias. No entanto, a redução do consumo indicado é muito evidente quando se baixa para os 90 a 100 Km/h. Ou seja, considerando as informações do computador de bordo, deverá ser possível fazer a ligação Lisboa ao Porto no novo Zoe sem parar para carregar, mas apenas se estivermos dispostos a ir bem abaixo da velocidade máxima permitida pela lei portuguesa. Por outro lado, 30 minutos ligados a um dos postos de carregamento rápido já disponíveis na autoestrada que liga as duas maiores cidades do país permitem mais uns 100 a 120 km de autonomia. Ainda assim, a velocidade de carregamento não é das melhores características do Zoe quando comparado com outros elétricos disponíveis no mercado. E com tanta bateria para carregar, recomenda-se a instalação de uma wallbox na garagem porque numa tomada normal são necessárias 30 horas para uma carga completa – claro que não faz muito sentido prático falar de carregamentos dos 0 aos 100 porcento, mas este é um valor importante para referência.
Apesar da autonomia generosa, este continua a ser, sobretudo, um utilitário. E, neste campo, o Zoe, como os restantes elétricos, tem vantagens evidentes em termos de conforto de utilização e disponibilidade do motor em velocidades relativamente baixas. O elevado e sempre disponível binário torna o Zoe divertido de conduzir e o centro de gravidade baixíssimo ajuda nas curvas. Em termos de dinâmica, só temos a criticar o “peso” que sente nas travagens. Ao fim de contas, apesar de pequeno, são quase 1500 kg de carro! Felizmente, boa parte das travagens é imposta pelo motor elétrico, que se transforma em gerador quando pressionamos o travão ou levantámos o pé do acelerador, processo que diminui a fadiga dos travões, mesmo quando optamos por uma condução uma condução um pouco mais desportiva.

R-Link reforçado
No interior pouco mudou, a não ser que opte pela versão topo de gama Bose, que inclui sete altifalantes e bancos em pele aquecidos. Mas o computador de bordo com o sistema R-Link inclui uma nova funcionalidade que nos permite encontrar mais facilmente os pontos de carregamento. Outra novidade neste campo é a app para smartphone Z.E. Pass que permite não só identificar postos como comparar os preços praticados e até fazer o pagamento. No entanto, de acordo com a Renault, só a partir de abril de 2017 vai ser possível usar o Z.E. Pass em Portugal. Uma coisa é certa: uma das evoluções previstas para a rede Mobi.e passa pela possibilidade de fazer pagamentos com telemóveis.
Mais um passo…
O novo Zoe representa um passo importante na cada vez mais imparável eletrificação dos veículos. Os 300 km de autonomia reais são mais que suficientes para afastar qualquer tipo de ansiedade relacionada com a autonomia num utilitário. Os mais de 32 mil euros de preço base (já com bateria incluída, menos 7500 euros nas versões com aluguer de bateria) dão quase para dois Clio, o que demostra bem que o Zoe Z.E. 40 não é um utilitário barato. Mas, por outro lado, os custos de utilização baixíssimos podem ser compensadores para quem faz muitos quilómetros diariamente. E, é claro, quando se conduz um elétrico torna-se difícil voltar a um carro com motor de combustão. O Zoe Z.E. 40 chega ao mercado nacional no final de janeiro.

ZOE Z.E. 40 (com bateria) | |
LIFE | 32.150€ |
INTENS | 34.150€ |
BOSE | 36.950€ |
As três versões estão disponíveis no modo de aluguer da bateria (Flex), com um preço de aquisição €7500 mais baixo e com o seguintes custos mensais: 69€ / mês – 7.500 km/ano; + 10€ /mês cada 2.500 km/ano; 5 cts /€ extra km; 119€/ mês com quilometragem ilimitada.