O primeiro Outlander híbrido plug-in trouxe para o mercado uma opção viável para quem procurava um SUV 4×4 familiar e potente q.b. com baixo consumo de combustível e baixas emissões de gases. E como “em equipa que ganha não se mexe”, o novo Outlander representa uma aposta na continuidade, com alterações sobretudo ao nível da estética – está mais elegante e moderno. A nível dinâmico, a diferença que mais se sente é na aceleração inicial, que tornou o carro mais “vivaço”. A Mitsubishi anunciou ainda otimizações na eficiência do sistema híbrido. Um sistema complexo, já que o Outlander PHEV tem três motores. Um a gasolina e dois elétricos. Esta arquitetura possibilita a tração integral em modo totalmente elétrico, o que resulta numa experiência de condução extremamente interessante quando, por exemplo, se explora um parque natural sem ouvir o ruído do motor. Infelizmente, esta sensação passa depressa já que a autonomia real em modo elétrico varia entre 30 a 40 km.
Consumos muito variáveis
Ainda assim, em viagens curtas é um prazer olhar para os indicadores de consumo e ver 0 litros aos 100 km. O que, realisticamente, consegue-se fazer nas viagens típicas do dia-a-dia, isto se o utilizador carregar a bateria durante a noite – numa tomada doméstica o tempo de carga é de 5 horas. Verificámos que em viagens mais longas é possível manter o consumo na casa dos 5/6 litros se começarmos com uma bateria carregada. E há sempre a possibilidade de usar a rede pública, o que permite tempos de carga menores. Aliás, nos ainda raros postos de carga rápida (PCR) é possível atingir os 80% de bateria em 30 minutos. Bom, mas podia ser bem melhor quando consideramos que há carros elétricos com capacidades de bateria bem superiores que também demoram o mesmo tempo a chegar aos 80%.
Com um preço superior a 40 mil euros, o Outlander PHEV é, aparentemente um carro caro. Mas, por outro lado, onde encontrarmos um SUV 4 por 4 com espaço para toda a família, potente, tecnologicamente evoluído e com consumos tão reduzidos por este preço? Ah, e não se preocupe com a fiabilidade da bateria porque a Mitsubishi dá uma garantia de 8 anos ou 160 mil quilómetros para este componente.
A Mitsubishi esteve na linha da frente no lançamento de um VE, o iMiev. Um carro que, segundo a marca japonesa, foi muito importante para desenvolver a componente elétrica deste Outlander PHEV (Plug-in Hybrid Electric Vehicle). Apesar de não parecer, já que este modelo tem o mesmo design das restantes versões do Outlander, o PHEV traz uma considerável inovação técnica para o mercado. Não é o primeiro híbrido com tração às quatro rodas, mas é o primeiro que ensaiámos capaz de “puxar” às quatro apenas em modo elétrico. Isto porque tem não um, mas sim dois motores elétricos, um para o eixo da frente e outro para o eixo traseiro. O que nos permitiu experiências agradáveis, como explorar a Serra de Sintra sem fazer praticamente qualquer ruído.
Mas não se pense que, por usar exatamente a mesma plataforma do Outlander a gasóleo, que este SUV resultou de uma simples adaptação, o que poderia condicionar as características e o desempenho. Isto porque a Mitsubishi desenvolveu a mais recente geração do Outlander já a considerar a versão PHEV. Como tal, tudo está no sítio. Como demonstra a boa distribuição de massa entre os dois eixos e o baixo centro de gravidade.
Passeios (não tão) calmos
Em consequência, o comportamento do carro é convincente. Está longe de transmitir o prazer de condução de, por exemplo, um X5, mas sentimo-nos sempre seguros e confiantes a bordo, mesmo quando fizemos por forçar o disparate. Sente-se o adornar nas curvas, mas as características de distribuição de massa já referidas, a tração integral e a eletrónica deixam-nos bem agarrados ao asfalto, à terra ou à lama. Não é propriamente um jipe porque sentimos falta de tração quando pusemos uma ou duas rodas no ar em circuitos mais complicados, mas oferece muito mais capacidades TT do que a maioria das famílias procura. Sobretudo quando comparado com os SUV de tração num único eixo.
Uma das vantagens que este PHEV oferece em circuitos TT é a resposta rápida e poderosa dos motores elétricos. O elevado binário permite ultrapassar obstáculos com relativa facilidade, como inclinações acentuadas. Silencioso, mas poderoso. Quanto à aceleração, os 11 segundo dos 0 aos 100 provam que este é um carro despachado. Até porque, em circuitos urbanos, é ainda mais importante a aceleração nos primeiros metros, onde o Outlander PHEV provou ser capaz de colar as costas dos passageiros aos bancos.
Três motores
Há diferentes modos de condução disponíveis. O puramente elétrico permite uma autonomia real na casa dos 40 km, valor que pode descer facilmente para os 30 km se usarmos vias rápidas ou autoestradas. Verificámos que uma condução suave e uma boa utilização da carga regenerativa permite, de facto, chegar aos 50 km anunciados, mas não é fácil. O que significa que sentimos a necessidade de carregar as baterias todos os dias, mesmo se fizermos percursos curtos casa-trabalho. Em percursos longos, chegamos a médias acima dos 7 litros/100 km, o que, considerando o preço da gasolina, é penalizador. Por outro lado, este está longe de ser um consumo exagerado considerado que estamos perante um carro de duas toneladas. No nosso ensaio, com cargas diárias, a média ficou nos 5 litros/100 km, o que nos parece um valor realista para a maioria das famílias.
O condutor pode forçar o modo 4WD elétrico sempre que sentir necessidade de maior aderência. Quando acelerámos com maior intensidade ou ultrapassamos os 120 km/h, o motor a gasolina entra em funcionamento. Numa primeira fase, para fazer rodar o gerador para produzir energia para os motores elétricos, mas, se a aceleração for intensa e/ou se a bateria estiver com pouca carga (o sistema nunca deixa a carga chegar a um nível muito baixo para proteger o sistema), então o motor a gasolina aciona diretamente, através de um sistema de transmissão sofissticado, as rodas da frente. Nestes casos o silêncio desaparece porque o motor de combustão trabalha numa rotação elevada para alimentar todo o sistema.
Apesar de a transmissão ser automática, há patilhas no volante ao bom estilo dos desportivos. Mas não servem para alterar o escalonamento. Servem sim para mudar a carga de regeneração. Há cinco níveis disponíveis. No primeiro, quase não sentimos travagem do motor quando levantamos o pé do acelerador. Por outro lado, no nível mais alto, levantar o pé do acelerador equivale a travar (isto se a bateria não estiver cheia). Um sistema semelhante ao que experimentámos no VW e-UP!, que permite, de facto, estender a autonomia em modo elétrico e poupar os travões.
Muita tecnologia
O sistema de gestão dos três motores, a eletrónica associada à estabilidade, a transmissão e a gestão da bateria demonstram que o Outlander PHEV tem muita tecnologia invisível para o utilizador. Mas há também tecnologia para utilizarmos a bordo. Como é típico nos híbridos, há muitos gráficos para analisar o fluxo de energia e a eficiência da condução. Na versão melhor equipada (48 mil euros), o ecrã central tátil disponibiliza navegação GPS com mapas atualizados e o carro inclui Wi-Fi e uma app de controlo remoto, que permite ativar/desativar a carga à distância e pré-climatizar o veículo enquanto está ligado à corrente. Uma app competente e intuitiva, ao contrário do ecrã tátil central que, além de reagir mal ao toque, revelou ter um sistema lento e com grafismo antiquado. As funcionalidades de infoentretenimento até estão lá todas, mas mereciam uma interface mais apelativa, rápida e intuitiva.
Mesmo na versão mais económica temos direito a Bluetooth, câmara de marcha atrás, limitador de velocidade, bom sistema de som e chave inteligente.
Competente, mas caro
Tecnologicamente, o Outlander PHEV é muito impressionante. Ao volante, o desempenho é muito satisfatório e sentimo-nos sempre seguros e confortáveis. A bordo, o sistema de infoentretenimento é completo, mas de utilização pouco intuitiva. Relativamente à carteira, os custos de utilização acabam por ser penalizadores. O consumo não é assim tão baixo (há que somar o preço da energia) e, por ser um hibrido, há que contar com os custos de manutenção extra relativamente aos VEs “puros”. O preço pedido na versão base não é tão elevado quando parece à primeira vista. Basta considerar que a versão Diesel 4×4 com caixa automática custa 48 mil euros.