1. A Fidai Film
A par de Elia Suleiman, Kamal Aljafari é um dos mais badalados realizadores palestinianos da atualidade, com um percurso feito sobretudo de documentários e de filmes experimentais. O Indie dedica-lhe uma retrospetiva que inclui a sua mais recente obra, A Fidai Film, que se debruça numa das questões primordiais para o autor: o direito de os palestinianos contarem as próprias histórias e as tentativas de apagamento da História por parte de Israel. No caso, debruça-se na incursão israelita sobre o Centro de Investigação Palestiniano, em Beirute, no verão de 1982, em que foram pilhados milhares de documentos, incluindo filmes, que fazem parte da memória palestiniana. Cinemateca Portuguesa > 25 mai, sáb 17h30, 1 jun, sáb 21h30
2. Mãos no Fogo
Numa competição nacional plena de antestreias e nomes sonantes nas curtas e nas longas, de Margarida Cardoso a Catarina Vasconcelos, destaca-se Margarida Gil, com Mãos no Fogo. O filme esteve em Berlim, marcando o regresso da realizadora a um grande festival mundial, 37 anos depois de Relação Fiel e Verdadeira. Ligeiramente inspirado na novela A Volta no Parafuso, de Henry James, conta a história de uma jovem estudante e realizadora, que é acolhida numa herdade do Douro vinhateiro por uma família envolta em mistério, num mundo cheio de fantasmas e de assombrações. Um filme subtilmente inquietante, com Carolina Campanela no principal papel. Culturgest > 26 mai, dom 18h45 > Cinema São Jorge> 28 mai, ter 16h15
3. In Restless Dreams: The Music of Paul Simon
Paul Simon é uma lenda viva do pop anglo-saxónico e há muito que merecia um filme assim. Ao longo de mais de três horas, Alex Gibney conta-nos a história do escritor de canções, numa narrativa bem ritmada, com muita música à mistura. O filme, na prática, divide-se em três partes. A primeira centra-se nos primeiros anos e na criação e cimentação da dupla Simon & Garfunkel, com o sucesso que todos conhecemos. A terceira parte é dedicada a Paul Simon a solo e às suas incursões pelas músicas do mundo. No meio, há um imenso capítulo consagrado ao desentendimento entre Paul Simon e Art Garfunkel, que deixou marcas claras e fez correr muita tinta. Cinema São Jorge > 26 mai, dom 17h
4. Manga d’Terra
Este será um dos últimos filmes de Basil da Cunha no bairro da Reboleira, nos arredores de Lisboa, onde tem desenvolvido a quase totalidade da sua cinematografia. Mais uma vez, o realizador luso-suíço constrói o argumento e produz a película de dentro para fora, num processo colaborativo com gente do bairro, onde também ele vive. Manga d’Terra encontra-se na linha de filmes anteriores, contando mais uma história de vida da comunidade. Contudo, tem a grande originalidade de ser um filme musical. Um musical sui generis, feito para uma só atriz, Eliana Rosa, revelação da música cabo-verdiana, que expressa os seus sentimentos e estados de espírito através de mornas, coladeiras e outras canções. Culturgest > 25 mai, sáb 21h45 > Cinema São Jorge > 29 mai, qua 10h45
5. The Afterlight
O realizador, artista visual e crítico britânico Charlie Shackleton quis fazer do seu cinema um momento único. Assim, em contraciclo com o streaming e as cópias ilimitadas, criou um filme em película, com uma só cópia, que tem circulado pelo mundo inteiro, sobretudo no contexto de festivais de cinema. A própria cópia vai-se deteriorando, mas isso faz parte desta ideia do autor. Neste ano, The Afterlight chega a Portugal, podendo ser visto numa sessão única do Indie. O filme em si é feito de fragmentos de cenas de atores do mundo inteiro, que têm em comum o facto de já terem morrido. Desenha-se, pois, com uma reflexão sobre a fragilidade da existência. Cinemateca > 31 mai, sex 21h30
6. Palombella Rossa
Ver Palombella Rossa, de Nanni Moretti, enquanto se dão umas braçadas na piscina da Penha de França, pode ser uma experiência inolvidável e uma nova dimensão para a ideia de cinema interativo. Filmado em 1989, é um dos mais emblemáticos filmes do realizador italiano, decorrendo grande parte da ação numa piscina, onde o próprio Nanni Moretti joga polo aquático, à medida que discute política nacional e internacional, cinema, conceitos filosóficos, etc. O público pode assistir ao filme dentro de água ou nas bancadas da piscina, mas convém levar touca e fato de banho para estar realmente dentro do espírito. A programação preparada para a piscina da Penha de França é mais vasta e inclui vários filmes para os mais novos. Piscina da Penha de França > 1 jun, sáb 20h30
7. Campanhas de dinamização cultural e de ação cívica
Para celebrar os 50 anos da Revolução de Abril, o Indie exibe uma série de pequenos filmes que mostram as campanhas de dinamização cultural e de ação cívica do Movimento das Forças Armadas, durante o período que se seguiu à Revolução. Obras sem autoria, que valem mais pelo interesse histórico e até antropológico do que pela qualidade cinéfila. Acompanhamos, por exemplo, sessões sobre a melhoria das condições de vida no Casal Ventoso, de esclarecimento à população no Alto Minho ou um concerto de Carlos Paredes, entre outros, no Porto. As sessões são complementadas por longas-metragens que prolongam o conceito. Cinemateca Portuguesa > vários horários
IndieLisboa 2024 – Festival Internacional de Cinema > 23 mai-1 jun > vários locais em Lisboa > programa completo em indielisboa.com