Com o reconhecimento internacional alcançado por muitos ilustradores portugueses, é forçoso reconhecer que “a ilustração já não é vista em Portugal como uma arte menor”, defende Tiago Manuel, diretor artístico da Bienal de Ilustração de Guimarães (BIG), cujas obras selecionadas estão expostas no Palácio Vila Flor, até 31 de outubro. Mas se há alguém capaz de demolir de vez com os preconceitos é este ativista cultural, com uma obra respeitada no panorama nacional. Logo na primeira edição, “houve um reconhecimento fora do normal e os grandes nomes da ilustração portuguesa apareceram logo”, conta. A iniciativa pertenceu à câmara municipal de Guimarães, com o objetivo de “dignificar o papel dos ilustradores no desenvolvimento cultural, no campo da edição, livros, revistas, jornais, cartazes, suportes clássicos de comunicação de massas e no domínio das novas tecnologias”.
Para esta terceira edição, esclarece, “houve um aumento significativo de candidatos aos prémios” – foram selecionadas 182 obras de 65 autores. Mais uma vez, apresentaram-se “os melhores dos melhores”, que valorizaram “o reconhecimento dos seus pares e o facto de serem avaliados por um júri, rotativo, constituído por pessoas reputadas no meio artístico”, acredita Tiago Manuel.
O Grande Prémio BIG (com um valor monetário de €5.000) foi atribuído a Sebastião Peixoto, destacando-se pela “extrema elegância das obras apresentadas e o universo desconcertante que nos propõe”, nas palavras do júri – formado pela artista e professora Joana Rego, pelo programador e professor Hélder Dias, e por André Letria, artista vencedor em 2019. Já Eva Evita conquistou o Prémio BIG Revelação, “pela capacidade para criar um universo próprio, produtor de múltiplas interpretações que oscilam entre o humor e um ambiente mais sombrio”. Existe ainda o Prémio BIG Aquisição, que obedece ao propósito de criar, em Guimarães, um acervo municipal de ilustração portuguesa contemporânea, com uma diversidade de abordagens. Neste caso, os vencedores foram Ana Biscaia, António Jorge Gonçalves, Eduarda Lima, Mariana Rio e Marta Madureira.
Além da mostra com as obras selecionadas, a BIG apresentará novidades a 23 de outubro. Desde logo, a inauguração de mais duas exposições: Uma Vida no Palco, no CIAJG, dedicada a Cristina Reis, cenógrafa, figurinista e designer que, durante 40 anos, deixou a sua marca nas produções do Teatro da Cornucópia, e a quem foi atribuído o Prémio Carreira BIG 2021; e Condições Adversas, no CAAA, de André Letria, autor do desenho do cartaz BIG 2021. Na mesma data, haverá o lançamento do livro Os Lusíadas, uma edição totalmente produzida por mulheres, desde a fixação do texto para a língua moderna feita por Rita Marnoto, aos trabalhos de dez ilustradoras, passando pelo design gráfico de Joana Pires, que contou com o apoio da Universidade do Minho, da câmara municipal de Guimarães e da editora Kalandraka. “Uma edição magnífica e exemplar para Portugal e outros países”, descreve Tiago Manuel.
Durante a BIG, decorrerá ainda um ciclo de palestras em torno da ilustração (de participação gratuita, mas sujeitas a inscrição prévia obrigatória), com a presença de Sérgio Godinho, Sara Figueiredo Costa e João Ramalho Santos, assim como oficinas de ilustração nas escolas do concelho.
Bienal de Ilustração de Guimarães > Palácio de Vila Flor > Av. D. Afonso Henriques, 701, Guimarães > T. 253 424 700 > Até 31 out, ter-sáb 10h-17h > grátis > big.guimaraes.pt/