A EGEAC – Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural volta a celebrar a liberdade e assinala os 47 anos da Revolução de Abril, com uma série de iniciativas culturais gratuitas. Sob o mote “Coragem hoje, abraços amanhã”, mensagem de alento partilhada entre as mulheres presas durante a Ditadura, o programa Abril em Lisboa inclui música, teatro, cinema, literatura, conversas e visitas guiadas, num formato presencial e online. Em sete pontos, dizemos-lhe o essencial desta festa que se faz na rua e em casa.
1. Museu do Aljube Resistência e Liberdade
São várias as iniciativas no Museu do Aljube Resistência e Liberdade durante este mês. Nesta quinta, 8, abre ao público a exposição temporária 8998 POMAR, com uma seleção de desenhos, gravuras e pinturas vindas do Museu-Atelier Júlio Pomar, assim como de documentos alusivos a obras e episódios de censura que remetem para o período de clausura, e de perseguição pela PIDE ao pintor (o preso nº 8998 do Registo Geral de Presos da PIDE, que esteve em Caxias, em 1947, devido à sua participação em ações de resistência ao regime).
Dia 25 de abril, pelas 11 horas, no Auditório do museu, decorre o concerto 50 Anos das Cantigas do Maio, de José Afonso. Num registo intimista, o músico Rogério Charraz e o compositor João Monge relembram o disco de Zeca Afonso, editado no Natal de 1971, no qual constam temas como Maio, Maduro Maio, Milho Verde ou Grândola, Vila Morena, futura canção-símbolo do 25 de Abril de 1974. Já nos dias 26, 27, 28 e 30 de abril, às 19 horas, o museu apresenta o espetáculo Memórias de Uma Falsificadora – A Luta na Clandestinidade pela Liberdade em Portugal, uma adaptação do livro de Margarida Tengarrinha ao teatro, por Joaquim Horta, que conta como a autora usou a sua habilidade de artista plástica e estudante de Belas Artes ao serviço da falsificação de documentos, garantindo o trabalho dos resistentes à ditadura de Salazar. R. Augusto Rosa 42, Lisboa > Exposição 8-30 jun, seg-dom 11h-17h > concerto e espetáculo requerem incrição prévia para inscricoes@museudoaljube.pt > grátis > www.museudoaljube.pt/evento/abril-no-museu-do-aljube-2/
2. Ecotemporâneos, online
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Ecotemporâneos é uma comunidade de leitura em jardins de Lisboa. Em cada sessão, um convidado escolhe um livro cuja temática ou imaginário associa àquele lugar. Desta vez, o palco será o Jardim do Museu de Lisboa – Palácio Pimenta, onde, neste sábado, 10, pelas 15h30, vai estar Mamadou Ba, ativista e atual dirigente da SOS Racismo, que escolheu o livro Erosão, de Gisela Casimiro. Já no dia 17 de abril, à mesma hora, a convidada será a atriz Beatriz Batarda, com o livro Caderno de Memórias Coloniais, de Isabel Figueiredo. As sessões, moderadas por Cláudia Galhós, terão transmissão online nas redes sociais da EGEAC (haverá interpretação em Língua Gestual Portuguesa). 10, 17 abr, sáb 15h30 > www.facebook.com/egeac > grátis
3. Espetáculo Elas também estiveram lá, online
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Estreado em 2018, Elas também estiveram lá resultou de um convite da EGEAC ao Teatro do Vestido para pensar um espetáculo para a sala da Rank Filmes, na Avenida da Liberdade, onde era visionado material audiovisual pela Comissão da Censura, durante o Estado Novo. Na altura, Joana Craveiro, responsável pela conceção, texto e montagem da peça, decidiu estendê-la às ruas e aos lugares adjacentes a esta sala, com um conjunto de mulheres que partilharam histórias vividas no pré-25 de Abril. Agora, no contexto de pandemia, a peça de teatro foi transformada num objeto artístico em formato de vídeo, com transmissão na plataforma Vimeo, entre os dias 15 e 22 de abril. O link de acesso será disponibilizado no Facebook da EGEAC. 15-22 abr, 21h30-00h30 > www.facebook.com/egeac > grátis
4. Espetáculo Amores na Clandestinidade, online
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Da autoria de André Amálio e Tereza Havlíčková, Amores na Clandestinidade foi construído a partir de entrevistas feitas a pessoas que participaram na luta antifascista em Portugal, assim como aos seus filhos que cresceram acompanhando os pais e, muitas vezes, na ausência destes. O espetáculo de teatro documental, uma estreia no programa Abril em Lisboa, foi gravado no Museu do Aljube e será transmitido online entre os dias 16 e 21 de abril, das 19h às 22 horas. O link de acesso será disponibilizado no Facebook da EGEAC que, por sua vez, redirecionará o público para a plataforma Vimeo. 16 -21 abr, sex-qui 19h-22h > www.facebook.com/egeac > grátis
5. Festival Política, Cinema S. Jorge e online
De 22 a 25 de abril, o Festival Política regressa ao Cinema São Jorge, para quatro dias de cinema, música, exposições, performances, debates e workshops. Este ano, a programação será subordinada ao tema Fronteiras, entendidas como barreiras físicas, psicológicas e políticas, que se apresentam como entraves à inclusão das pessoas no território ou na comunidade.
Um dos destaques vai para três propostas desenvolvidas especialmente para esta 5ª edição: o stand-up sobre racismo e direitos humanos do humorista Carlos Pereira; o solo Fronteiras, do encenador, dramaturgo, cenógrafo e intérprete André Murraças; e o espetáculo Homens que são como fronteiras invadidas, de Valério Romão e José Anjos, uma reflexão sobre os limites que a pandemia veio impor a título pessoal. O cinema continua a marcar a programação e, este ano, são exibidos 18 filmes que retratam realidades tão diferentes como as fronteiras da cidade de Lisboa, os conflitos sociais que atravessam a Europa, a ascensão dos nacionalismos e as migrações.
O 5º Festival Política conta também com atividades em formato digital, devido às contingências da pandemia. É o caso dos workshops que decorrem online, como a sessão dedicada à participação cidadã na democracia ou o workshop de escrita criativa a partir do livro Enciclopédia dos Migrantes – e que deu origem ao espectáculo Foguete de Emergência, de Paloma Fernández Sobrino, apresentado a 25 de abril, às 11h, no Cinema São Jorge. De regresso, está também o Cara-a-Cara com Deputados, encontro entre cidadãos e deputados representantes dos partidos eleitos para a Assembleia da República que, devido à Covid-19, se realiza via videoconferência. Todas as atividades presencias são de entrada livre, com lotação limitada e sujeitas ao levantamento de bilhetes no Cinema São Jorge. Av. da Liberdade, 175, Lisboa > T. 21 310 34 00 > horário da bilheteira: qui-dom, 16h-ao início da última sessão > 22-25 abr, qui-dom > facebook.com/festivalpolitica > grátis
6. Concerto Nostalgia e Utopia de Manuel João Vieira, Capitólio e online
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Cantor e músico das bandas Ena Pá 2000 e Irmãos Catita, Manuel João Vieira lançou um álbum a solo em 2020, centrado no fado. No dia 25 de abril, às 11 horas, dará um concerto no Capitólio, dedicado aos melhores fados e canções antes e depois da Revolução de Abril. Viajando por nomes como José Afonso, Pedro Barroso, José Carlos Ary dos Santos, Adriano Correia de Oliveira e José Mário Branco, esta será uma manhã de lembranças, abordando os principais contrastes e evocando as principais diferenças e semelhanças entre canções. No palco, Manuel João Vieira vai estar acompanhado por Carlos Barreto (contrabaixo), Fausto Ferreira (piano), Alexandre Frazão (bateria), Arménio Melo (guitarra portuguesa), Vital Assunção (viola), Nuno Reis (trompete) e Francisco Frazão (coros e harmónica), como convidado especial. A entrada é gratuita, com lotação limitada e sujeita a levantamento de bilhetes nos dias 24 e 25, na bilheteira do Cinema São Jorge. O concerto também será transmitido nas rede sociais da EGEAC. Cineteatro Capitólio – Teatro Raul Solnado > Parque Mayer, Lisboa > 25 abr, dom 11h > www.facebook.com/egeac > grátis
7. Visitas guiadas, online e presencial
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Entre os dias 10 e 25 de abril, haverá oportunidade de fazer um passeio virtual pelas salas de espetáculos e outros lugares de encontro no eixo Rua da Palma-Avenida Almirante Reis, que tiveram o seu apogeu durante o período do Estado Novo, enquanto espaços de resistência. É o caso do Cinema Lys, do Cinema Império e do Café Herminius, que foram o epicentro de uma certa boémia lisboeta. Para os dias 10, 17 e 24, às 17h, estão marcadas três tertúlias, também online, sobre o tema, com a participação da realizadora Renato Sancho, do escritor Mário de Carvalho, do fotógrafo e investigador do Instituto de História Contemporânea Paulo Catrica, e, entre outros, de Ana Isabel Queiroz, Professora Auxiliar da Universidade Nova.
No dia 25 de abril, as 10h30, o percurso presencial O Povo está na Rua! Os Sítios das Revoluções, passa pelos locais onde tiveram lugar os principais golpes, motins, revoltas e revoluções, desde 1385 a 1974, que mudaram o destino de Portugal. O ponto de partida faz-se no Museu de Lisoa – Teatro Romano. A participação é gratuita e sujeita a reserva através do e-mail reservas@museudelisboa.pt. 10-25 abr > grátis
Abril em Lisboa > 10-25 abr > culturanarua.pt/programacao/abril-em-lisboa > grátis