Cerca de uma centena de fotografias inéditas mostram um lado, até agora desconhecido, do cineasta Manoel de Oliveira: o de fotógrafo. Captadas entre as décadas de 30 a 50, desde a produção dos filmes Douro, Faina Fluvial (1931) até O Pintor e a Cidade (1956), as fotos foram encontradas no acervo de Oliveira, em depósito na Fundação de Serralves.
António Preto, diretor da Casa do Cinema Manoel de Oliveira (CCMO) e curador da exposição, revela terem sido uma surpresa: “Já se sabia que ele fazia fotografias pela participação nos Salões Internacionais de Arte Fotográfica, entre 1939 e 1945, mas só se conheciam duas imagens [foi reproduzida no catálogo desses salões, A Menina e o Gato, que retrata o ambiente do filme Aniki-Bóbó (1942) e no jornal O Século Ilustrado foi publicada Sol de Inverno].” Em alguns casos são fotografias originais, noutros tratam-se de reproduções feitas a partir de negativos.
Nesta mostra, encontram-se “imagens muito diversas que respeitam à vivência pessoal” do cineasta. Como retratos da mulher, Maria Isabel (datam de 1938 a 1940, após o casamento), cenas de rua, objetos, naturezas mortas, paisagem… Podem ver-se, também, álbuns sobre fotografia e a máquina fotográfica do cineasta.
A exposição revela “um grande cuidado no que respeita ao enquadramento e à composição, que antecipa um aspeto caraterístico da obra fílmica de Manoel de Oliveira”, refere António Preto, diretor da CCMO e curador da exposição
Observam-se ainda fotografias da rodagem e do casting de Aniki-Bóbó (onde se vê Carlitos), outras tiradas com António Mendes, fotógrafo amador que foi diretor de fotografia nos filmes Douro Faina, Fluvial e Aniki-Bobó, mas, sobretudo, dezenas de fotos de filmes que nunca chegaram a ser realizados. Caso de Os Gigantes do Douro (1934), O Saltimbanco, um guião não realizado que acontecia num ambiente de circo, e de uma série de fotos de aviação (1937/38) que seriam o embrião de um documentário de Manoel de Oliveira sobre o Aeroclube do Porto, ao qual o cineasta pertencia.
Até abril, a exposição será acompanhada pela exibição de filmes de Manoel de Oliveira, como O Estranho Caso de Angélica (28 nov, 17h), mas também de outros realizadores, caso de Images, de Robert Altman (29 nov, 17h), The Cameraman, de Edward Sedgwick (6 dez, 17h), Zelig, de Woody Allen (13 dez, 17h) ou, entre outros, Anna, de Pierre Koralnik (20 dez, 17h), e por várias conferências, com Bernardo Pinto de Almeida (18 nov), Emília Tavares (24 fev) e Sabine Lancelin (24 mar).
Manoel de Oliveira Fotógrafo > Casa do Cinema Manoel de Oliveira > Parque de Serralves, R. D. João de Castro, Porto > T. 22 615 6500 > até 18 abr, seg-sex 10h-18h, sáb-dom 10h-19h > €12 > Visitas guiadas orientadas: 5 dez, 17h, com Maria do Carmo Séren; 27 mar, 17h, com Susana Lourenço Marques