Há 25 anos, os Blind Zero subiam ao palco do Festival Termómetro Unplugged para daí saírem vencedores e serem catapultados para a fama. O sucesso que a banda encontrou serviu de incentivo a outros nomes. Silence4, Mazgani, Ornatos Violeta, B Fachada, Capicua, Dj Ride, Ana Bacalhau, Richie Campbell, Salto e muitos outros inscreveram-se na competição organizada pelo radialista Fernando Alvim, escrevendo o nome na história do festival e da música portuguesa.
Ao longo de 25 anos, o Festival Termómetro deixou de ser Unplugged (em português, desligado ou acústico) e perdeu o caráter preferencialmente competitivo, afirmando-se como uma mostra de talento nacional e internacional, revestida de uma vertente de concurso. Neste sábado, 25, às 21h30, o LAV – Lisboa ao Vivo, em Marvila, recebe os finalistas da edição comemorativa dos 25 anos do festival. Flor (Funchal), Foggy (Palermo, Itália), Rope Walkers (Lisboa), Bia Maria (Ourém) e Soho Soho (Lisboa) tocam por um lugar ao Sol ou, neste caso, na ribalta. Fernando Alvim conta à VISÃO Se7e como o festival que criou, quando tinha apenas 19 anos, cresceu e adaptou-se ao ritmo dos tempos.
O Termómetro lançou alguns dos mais importantes nomes da música portuguesa para fora da garagem. Como é que o festival tem lidado com a era da auto-promoção das bandas online, em plataformas que chegam a milhares de pessoas?
Temos lidado muito bem. Vemos essa realidade como um aliado e não um rival. Essas plataformas ajudam-nos, inclusive, a descobrir alguns dos participantes. Se há 25 anos dependíamos das demos que nos enviavam, hoje, conseguimos encontrar muitas das bandas online e convidá-las a participar. 90% dos concorrentes são convidados, que selecionamos a nível internacional e, sobretudo, nacional.
Quais as principais diferenças entre a primeira e a 25ª edição do Festival Termómetro?
Muita coisa se alterou ao longo do tempo. O festival soube-se atualizar, só isso explica a sua longevidade. Em primeiro lugar, alargamos a esfera de ação a cidades fora do Porto e Lisboa. Visitamos, pela primeira vez, Viseu, São Miguel (Açores), Funchal (Madeira), Bragança, Leiria, Santa Maria da Feira, Matosinhos, Cascais e Aveiro e ainda apresentamos o Termómetro em Madrid. Para o ano, tudo indica que faremos uma sessão de apresentação em Nova Iorque. Por outro lado, realiza-se, cada vez mais, em auditórios, em vez de bares. Por fim, e talvez uma das atualizações mais importantes, é que o festival é cada vez mais uma amostra dos valores emergentes, na qual há efetivamente um prémio. e cada vez menos uma competição. Queremos afastarmo-nos desse rótulo.
O próprio prémio também se foi atualizando com os tempos.
Sim. Se, nas primeiras edições, dávamos a possibilidade de editar um disco, hoje é muito mais importante, para uma banda, ter horas de estúdio, um videoclip e estar no NOS Alive ou no Festival Bons Sons.
Qual foi o momento mais inesquecível neste percurso de 25 anos?
Talvez tenha sido o ano passado. Acho que foi uma edição perfeita, com o nível qualitativo das bandas presentes muito elevado. Outro momento inesquecível foi quando, na 15ª edição, juntamos, no mesmo palco, o Manel Cruz, o Samuel Úria e o B-Fachada, num grande acontecimento.
No júri da 25ª edição há algum membro que também fizesse parte do painel de jurados, em 1994?
Não, não somos muito saudosistas nem vivemos muito do passado. Se é certo que temos um histórico que me parece bastante importante, a verdade é que não estamos sempre a fazer uso dele. Somos, sobretudo, preocupados com futuro e é nessa direção que estamos sempre concentrados.
Um balanço destas 25 edições?
Enquanto organizador parece-me que, quando as coisas evoluem, o saldo só pode ser positivo. Penso que soubemos não estancar e evoluir, adaptarmo-nos às novas correntes.
Que conselho daria o Fernando Alvim de hoje ao Fernando Alvim de 19 anos que organizou a primeira edição do Festival?
Eu não sou muito bom a dar conselhos…. Foram muitos os momentos que vivemos no Festival e aquilo que eu poderia aconselhar ao Fernando Alvim inicial é que não tivesse tanta ansiedade. Quer dizer, eu ainda a tenho, por isso acho que as coisas não mudaram assim tanto.
Festival Termómetro – Grande Final > LAV – Lisboa Ao Vivo > Av. Infante D. Henrique, Lisboa > 25 jan, sáb 21h30 > €10