Um mundo com regras próprias, de portas fechadas, celas personalizadas como jangadas, devoções na parede, jogos para matar o tempo, cigarros por companhia. The Portuguese Prison Photo Project, assim batizado em inglês, é uma investigação imagética às prisões vistas pelo lado de dentro. Sete estabelecimentos foram visitados, ao longo de 2016 e 2017, pelas lentes de Luís Barbosa (que privilegia um preto-e-branco atmosférico em que predomina o ponto de vista dos prisioneiros) e de Peter Schulthess (que optou pela cor e por uma estratégia mais documental, arquitetónica e distante), num arco que vai da maior e mais antiga prisão, datada de 1880, até à mais recente, inaugurada em 2004, passando pelos estabelecimentos prisionais de Lisboa, Carregueira, Leiria, Guarda, Izeda, Santa Cruz do Bispo, Viseu.
Em 2017, o projeto esteve patente na Antiga Cadeia e Tribunal da Relação do Porto, atual Centro Português de Fotografia. Em 2019, a segunda fase do The Portuguese Prison Photo Project apresenta novas fotografias, e abriga-se noutro local impregnado de História e simbolismo: o Museu do Aljube, onde esteve instalada a temível prisão da polícia política do Estado Novo. Uma carga sublinhada pelo seu diretor, Luís Farinha: “Esta exposição captura a história prisional portuguesa. Antes, as condições prisionais eram iguais, tanto fazia se se tratasse de presos comuns encerrados no Limoeiro, como presos políticos no Aljube – e note-se que muitos destes eram presos por delitos de opinião… Do ponto de vista simbólico, claro que a prisão do Aljube era diferente.” Para contar melhor estas memórias e lutas, também guardadas no Museu do Aljube, a exposição contém ainda imagens históricas, pertencentes aos arquivos nacionais, e um dispositivo multimédia.
The Portugueses Prison Photo Project > Museu do Aljube – Resistência e Liberdade > R. Augusto Rosa, 42, Lisboa > T. 21 581 8535 > 11 mai-29 set, ter-dom 10h-18h > €3