Pela primeira vez, a Galeria Municipal do Porto inaugura duas exposições em simultâneo, a ocupar toda a sua área expositiva. Astray, da francesa Caroline Mesquita, desenhada especificamente para a Mezzanine, e Anuário – Uma Visão Retrospetiva da Arte no Porto, projeto concebido por João Ribas e Guilherme Blanc, abrem a temporada, neste sábado, 16, a partir das 18 horas. Ao contrário de anos anteriores, a partir de agora haverá (quase sempre) duas inaugurações em simultâneo. “Vamos ter dois espaços expositivos distintos”, explica Guilherme Blanc, adjunto na área da Cultura da Câmara do Porto. O piso 0 estará direcionado para “projetos de investigação curatorial mais ampla, em áreas específicas, e projetos coletivos”, enquanto a Mezannine receberá trabalhos individuas de artistas.
É neste contexto que surge Astray, projeto de colaboração entre a Galeria Municipal do Porto e a galeria de arte contemporânea Kunsthalle Lissabon, em Lisboa, nesta que é a primeira apresentação pública de Caroline Mesquita em Portugal. Depois de, no início deste ano, a artista francesa – que vive e trabalha em Marselha – ter apresentado Astray (Prologue) na cave da lisboeta Kunsthalle, que se traduziu numa cratera escavada com a terra exposta e o mármore do chão partido e colapsado, é grande a curiosidade para ver todo o conjunto no Porto. Estruturada como uma narrativa ao genéro da ficção científica, Astray foi concebida especificamente para a Galeria Municipal do Porto, agora convertida “num museu temporário de incerteza estética”, pode ler-se no texto de apresentação. Com curadoria de Sofia Lemos, o projeto recorre a objetos fílmicos e escultóricos para criar uma história alternativa e um ambiente desconcertante. Além de já ter exposto no Centro Pompidou, em Paris, e na Mother Culture, em Los Angeles, Caroline Mesquita venceu a 19ª edição do Prix Foundation d’ Entrepise Ricard, em 2017.
Já o projeto Anuário – Uma Visão Retrospetiva da Arte no Porto concentra a produção no campo das artes performativas e das artes plásticas durante o ano de 2018. “A ideia é ter um momento de reflexão sobre a produção artística, que sempre considerei extraordinária, à qual é preciso dar algum destaque e contexto”, diz João Ribas, ex-diretor do Museu de Serralves, convidado para comissariar a representação de Portugal na Bienal de Arte de Veneza 2019. Trata-se do primeiro Anuário, um projeto de continuidade, integrado na plataforma Pláka, que agrega as políticas da autarquia portuense de apoio à arte contemporânea, e tem como curadores Joana Machado, Joaquim Durães, José Maia, Miguel Flor e Rita Castro Neves.
Para ver na Galeria Municipal do Porto, até final do ano, estão exposições como De Outros Espaços, que dá continuidade à parceria com a Fundação EDP, e Desertado. Algo que Aconteceu Pode Acontecer Novamente, de Maria Trabulo (18 jun). Segue-se Millennials – Design do Novo Milénio, integrada na programação da Porto Design Biennale, com curadoria de José Bártolo e focada nos projetos de jovens designers nascidos nas décadas de 1980 e 1990 (19 de setembro). A fechar a temporada há 9Kg de Oxigénio (7 dez), uma exposição do projeto Uma Certa Falta de Coerência que, há 10 anos, dá nome a uma galeria alternativa a funcionar numa área exígua na Baixa do Porto. “Trata-se de um desafio lançado a um espaço independente para pensar a sua própria condição”, adianta Guilherme Blanc.
Astray, de Caroline Mesquita > Anuário – Uma Visão Retrospetiva da Arte no Porto > Galeria Municipal do Porto > Jardins do Palácio de Cristal, R. D. Manuel II, Porto > T. 22 608 1063 > 16 mar-19 mai > ter-sáb 10h-18h, dom 14h-18h > grátis