![The Green Book .jpg](https://images.trustinnews.pt/uploads/sites/5/2019/10/13649735The-Green-Book-.jpg)
Da mesma forma que, nos últimos anos, muitos têm reclamado uma quota de artistas negros entre os nomeados aos Oscars da Academia de Hollywood, também parece haver a necessidade de incluir um filme antirracista entre as nomeações, até porque o racismo é ainda assunto urgente na sociedade norte-americana contemporânea. Assim aparecia, em 2018, Get Out, de Jordan Peele (excelente abordagem) e, em 2019, dois filmes se perfilam para chegar lá: O Infiltrado, de Spike Lee, e Green Book, de Peter Farrelly. Este último parece estar mais bem colocado e até promete fazer sombra a Roma, de Alfonso Cuarón, que é, para já, o grande favorito.
Green Book – Um Guia para a Vida é uma impressionante história verídica, passada na América profunda dos anos 60. Um grande pianista negro de música clássica arrisca-se a fazer uma digressão pelo Sul dos EUA, sociedade profundamente racista, onde ainda funciona uma espécie de apartheid com hotéis e restaurantes vedados a negros. Esta impressionante denúncia não aponta explicitamente resquícios na sociedade contemporânea, como acontece com o filme de Spike Lee, mas demonstra um particular atraso sociológico numa América nada longínqua.
Para fazer esta sua digressão, o músico, elitista, snob, poliglota, contrata um motorista/guarda-costas italiano, alarve, que ele próprio faz questão de educar. O filme, com uma previsibilidade cansativa, decorre entre clichés e anticlichés, revelando (como Gran Torino, de Clint Eastwood) uma enorme esperança na conversão de todos os homens aos grandes princípios humanistas. Cinematograficamente é fraco; sociologicamente, otimista e bem-intencionado. Espera-se, sobretudo, que a sua mensagem chegue ao destino.
Veja o trailer do filme
Green Book – Um Guia para a Vida > De Peter Farrelly, com Viggo Mortensen, Mahershala Ali e Linda Cardellini > 130 min