Os filmes de Pedro Costa são esteticamente tão deslumbrantes que mereciam ser todos emoldurados e expostos num museu, para que fossem contemplados à medida da sua maior valia. Mas tal nem sequer é necessário, porque as telas gigantes das salas de cinema realçam melhor a natureza da obra e toda a sua dimensão. Então de que serve expor Pedro Costa num museu? A exposição permite olhar o seu trabalho de uma perspetiva diferente e abre um campo de possibilidades, sobretudo ao nível do diálogo com outras obras. De resto, a ideia de levar o cinema para as galerias não é nova, e em Portugal até há um espaço exclusivamente dedicado a essa prática (a galeria Solar, em Vila do Conde).
Em Serralves, descobrimos Pedro Costa em interação com outros artistas, de forma, ao mesmo tempo, coerente e inesperada. Estão expostos trabalhos em diálogo com o escultor Rui Chafes, o fotógrafo Paulo Nozolino e os cineastas Danièle Huillet, Jean-Marie Straub e Chantal Akerman. Por outro lado, são resgatadas obras de arte que, de alguma forma, marcam presença nos filmes do realizador – do poeta Robert Desnos, dos fotógrafos Jacob Riis e Walker Evans, dos pintores Pablo Picasso e Maria Capelo, ou de realizadores como Robert Bresson, António Reis, John Ford, Jacques Tourneur e Jean-Luc Godard. Tudo se funde numa exposição que funciona como homenagem a um dos maiores realizadores portugueses contemporâneos, com coordenação de Filipa Loureiro e Marta Almeida, e arquitetura de José Neves.
E como de cinema se trata, a exposição de Pedro Costa em Serralves é acompanhada por um pequeno ciclo, onde são exibidos os filmes O Nosso Homem / Cavalo Dinheiro (dia 20, com apresentação do próprio Pedro Costa), Casa de Lava (dia 21), Juventude em Marcha (dia 21) e No Quarto da Vanda (dia 28). Será também lançado o livro Pedro Costa, de Carlos Melo Ferreira, em colaboração com as Edições Afrontamento.
Pedro Costa: Companhia > Museu de Serralves > Rua D. João de Castro, 210, Porto > T. 22 615 6500 > 19 out-27 jan, seg-sex 10h-18h, sáb-dom 10h-19h > €10