Tinha 34 anos, Gilberto Gil, quando pela primeira vez se deslocou a África, a convite do FESTAC, Festival Mundial de Arte e Cultura Negra, que se realizou entre janeiro e fevereiro de 1977, em Lagos, Nigéria. Com a presença de artistas – africanos e da diáspora negra – de 50 países, essa foi uma experiência que haveria de marcar para sempre o músico brasileiro, como o próprio já afirmou em diversas ocasiões, e lhe serviria de inspiração para compor e gravar Refavela, um trabalho que evocava as raízes negras de Gilberto Gil e viria a transformar-se, à época, no seu álbum mais bem-sucedido. Como na altura escreveu Mauro Ferreira, no jornal O Globo, Refavela juntava “as quatro pontas da música negra produzida com vigor no universo pop da época: o afrobeat do nigeriano Fela Kuti (…) que interligava a então renovada juju music com a batida funk do Rio de Janeiro negro, com as levadas afro-brasileiras dos sons da Bahia e com o reggae feito na Jamaica por Bob Marley.” No ano passado, por altura do 40º aniversário do disco, o músico e produtor Bem Gil, filho de Gilberto, decidiu desafiar o pai a convidar alguns amigos e parceiros musicais para dar nova vida às dez faixas do disco e a outros temas da época, como Two Naira Fifty Kobo, de Caetano Veloso (que também participou com Gil na viagem à Nigéria), ou o clássico Exodus, de Bob Marley, também lançado nesse mesmo ano. Depois de uma aclamada digressão brasileira, o espetáculo chega a Lisboa num concerto único que vai encerrar em grande as Festas de Lisboa. Além da sua habitual banda, Gilberto Gil contará ainda com a presença de duas convidadas especiais, a cabo-verdiana Mayra Andrade e a italiana Chiara Civello.
Gilberto Gil esteve no passado mês de março em Portugal com o concerto Trinca de Ases (ao lado de Gal Costa e Nando Reis). Agora regressa para um concerto único, com entrada livre, onde celebra os 40 anos do seu álbum Refavela.
Refavela 40 > Jardins da Torre de Belém, Lisboa > 30 jun, sáb 22h > grátis