Carlos Urroz, diretor da ARCOlisboa, vai direto ao assunto: “este é claramente o ano de afirmação da feira enquanto acontecimento chave no calendário da arte”. São 72 galerias, o maior número de todas as edições, vindas de 14 países, e uma série de iniciativas que giram à volta da ARCOlisboa – em galerias e museus nacionais. A feira de arte contemporânea, extensão da gigante que é a ARCOmadrid, é promovida pela Institución Ferial de Madrid (IFEMA) e a Câmara Municipal de Lisboa, e começa esta quinta, 17, e prolonga-se até domingo, 20, na Cordoaria Nacional. Terá um novo horário adaptado ao ritmo da capital, e uma série de iniciativas adaptadas a todos os tipos de públicos, de colecionadores a visitantes curiosos.
Entre a seleção de 60 galerias nacionais e internacionais que integram o programa geral estão, por exemplo, as portuguesas Fernando Santos e Vera Cortês, mas há novidades. Para além da espanhola Helga de Alvear, a quem foi pedido que retirasse uma obra de Santiago Sierra do seu stand, levando a ARCOmadrid a ser acusada de censura, estarão por cá a Carreras Mugica (Bilbau), a Millan (São Paulo), a Greengrassi (Londres) ou a Krinzinger (Viena). São as obras dos artistas representados por estas galerias que tem honras de exposição no longo corredor da Cordoaria Nacional. Já no Torreão Poente, há outra novidade: a apresentação em detalhe das obras individuais de 10 artistas nacionais e internacionais, entre eles Esther Ferrer (Àngels Barcelona), José Carlos Martinat (Revólver) ou Mónica de Miranda (Carlos Carvalho).
“A última edição destacou-se pela qualidade dos colecionadores presentes, pelo aumento do número de visitantes profissionais, mais de 10.000, e pelo crescimento do volume de vendas. A nível internacional a ARCOlisboa é já uma referência no calendário da arte contemporânea, o que nos deixa muito satisfeitos”, diz Carlos Urroz. No entanto, a feira não se faz só de negócios, colecionadores e profissionais do mercado, não se fecha sobre si própria, e em cada edição integra cada vez mais atividades destinadas a outros públicos.
Este ano, as crianças podem experimentar um conjunto de ateliers, a decorrer no domingo, 20, entre o meio-dia e as seis da tarde. A ARCOkids, animada pela Operação Nariz Vermelho, é uma réplica do que acontece na ARCOmadrid e que na opinião do diretor da feira “é muito interessante e estimulante para os mais novos”. Ao público adulto destinam-se iniciativas tão interessantes como os Fóruns, conversas gratuitas e abertas ao público onde se pode ficar a saber como trabalham os colecionadores ou quais são as diferenças e semelhanças entre o programa de um museu português e de um estrangeiro. As sessões Em que estou a trabalhar, coordenadas por Filipa Oliveira e que terão lugar no Pátio Nascente da Cordoaria, vão dar conta dos projetos atuais e futuros de vários profissionais portugueses.
Carlos Urroz recomenda ainda a visita à secção Opening, destinada às galerias jovens que abriram há menos de 7 anos, com curadoria de João Laia – entre os doze projetos selecionados estão as lisboetas Balcony e Uma Lulik. Há ainda uma feira do livro de arte, As Tables Are Shelves, que integra publicações de artistas e editoras como a Pierre Von Kleist Editions, Stolen Books, Gabinete, Bow Books ou Editions Loco. “É uma ótima oportunidade para começar a colecionar”, diz o diretor.
Por último, no Torreão Nascente, os visitantes vão ter oportunidade de ver a exposição das últimas obras adquiridas (em 2016 e 2017) pela Câmara Municipal de Lisboa. No embalo da ARCOlisboa, há ainda muito para ver na capital e noutros pontos do País, como Porto, Vidigueira ou Elvas, uma vez que vários museus e galerias aproveitam o momento para inaugurar, em paralelo, exposições e mostras capazes de cativar públicos. É o caso do Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, com uma exposição individual de Tomás Saraceno e Miguel Palma, da Culturgest que apostou no trabalho de Michael Biberstein ou Museu Coleção Berardo com a mostra No Place Like Home, uma seleção de obras da coleção do Museu de Israel.
Como diz Carlos Urroz, “só na ARCOlisboa se podem encontrar obras muito interessantes para colecionadores e profissionais do mundo da arte, mas também para os amantes da arte e público em geral.” Mas o que faz desta feira um lugar para todos “é a quantidade de iniciativas que são gratuitas e de livre acesso e que são mais do que as pessoas imaginam”.
ARCOlisboa 2018 > Cordoaria Nacional, Av. da Índia, Lisboa > 17-20 mai, qui-sáb 14h-21h, dom 12h-18h > €15, €5 (estudante)