Poderia dizer-se que a tradicional limpeza de primavera chegou ao Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado (MNAC): as curadoras Maria de Aires Silveira, Emília Tavares e Emília Ferreira vasculharam reservas e depósitos, mostrando agora uma nova arrumação da coleção permanente. Como acontece em qualquer boa limpeza, há (re)descobertas trazidas à luz e material esquecido à espera de uma espanadela conceptual. Arte Portuguesa. Razões e Emoções apresenta 211 obras de 97 artistas, incluindo sete dezenas de peças que “raramente foram mostradas ou saem pela primeira vez das reservas do museu”. Impõe-se um name dropping: as obras desconhecidas de Miguel Lupi (1826-1883), nome da pintura romântica apreciado pela burguesia lisboeta; de Luciano Freire (1864- -1935), pintor dedicado à História, à paisagem e ao retrato, que se aproximou do universo simbolista; um conjunto de pinturas inéditas do legado de Veloso Salgado (1864-1945), recentemente adicionado ao acervo do MNAC, reconhecido como um dos grandes pintores da dita segunda geração do naturalismo português.
Acrescentam-se-lhes trabalhos raras vezes contemplados de Emmerico Nunes, António Soares, Abel Manta, Bernardo Marques, Mily Possoz, Jorge Barradas, Hein Semke, Jorge Oliveira e Jorge Vieira – este último com um conjunto de colagens. Mas há também Amadeo e Almada, claro, e Paula Rego, Fernando Lanhas, Julião Sarmento, José Luís Neto, Alexandre Estrela… São sete núcleos (Espelhos de almas, O poder da imagem, Uma cultura moderna, Cuidado com a pintura!, Formas de comunicação e contestação, Linguagens e experimentação, Pós-modernismo), que percorrem 150 anos de arte portuguesa, onde a curadoria procurou “uma reflexão sobre os envolvimentos sociais e políticos, e as noções de ser moderno” e, ainda, a “gramática da pós- -modernidade”.
Arte Portuguesa. Razões e Emoções > Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado > R. Serpa Pinto, 4/R. Capelo, 13, Lisboa > T. 21 343 2148 > Até 31 mar 2019, ter-dom 10h-18h > €4,50