Arrumemos já uma pergunta obrigatória: As novas obras têm algo que ver com Trump? “Trump está presente neste trabalho, sim. De forma superficial, mas é impossível abordar a contemporaneidade sem falar dele”, responde João Fonte Santa à VISÃO Se7e. O artista plástico, reconhecido pelas telas de forte impacto cromático, carregadas de metáforas e de ressonâncias da cultura popular (filmes, BD, música, personagens…), apresenta agora uma série de trabalhos inéditos que são a continuidade do projeto O Colapso da Civilização (2016), exposição e livro de autor em que Fonte Santa reflete sobre o período de crise em Portugal, entre 2012 e 2015. Se aí dominava o registo diarístico, já em Bem-vindos à Cidade do Medo, sublinha, faz “uma abordagem mais teórica, profunda e lenta de recolha de dados”. O artista reflete sobre os medos, as guerras, o estado de sítio civilizacional, em obras que, reforça, alargam o questionamento ao panorama internacional e assumem um debate mais político.
Desenhos, três vídeos e uma instalação-vídeo são revelados na sala Cinzeiro 8, forrada a negro: estes têm cores menos exuberantes, mas estão lá realidades reconhecíveis, paisagens, manifestações de conflitos urbanos, imagens de telejornais. E o título que parece inspirado num filme série B? É retirado de um panfleto nova-iorquino sobre a crise fiscal que, em 1975, era entregue aos turistas: “A cidade estava em falência, anunciava-se um sistema austeritário e confrontos políticos. Terá sido um teste para aplicação futura e que hoje continua a ser repercutido. Esse é o ponto de partida que ecoa nas políticas intimidatórias ligadas ao pensamento liberal.” A luta continua…
Bem-vindos à Cidade do Medo, de João Fonte Santa > MAAT > Av. Brasília, Central Tejo, Lisboa > T. 21 002 8130 > até 30 abr, qua-seg, 11h-19h > €5