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A peça Elizabeth Costello é encenada por Cristina Carvalhal, com interpretação de Cucha Carvalheiro, Bernardo Almeida, Luís Gaspar, Rita Calçada Bastos e Sílvia Filipe
Elizabeth Costello, autora e intelectual australiana, chega ao fim da vida e depara-se com um enorme portão – para cruzá-lo, terá de testemunhar as suas convicções perante um tribunal que determinará a sua dignidade. É esta a premissa de Elizabeth Costello, peça baseada no livro homónimo do sul-africano J.M. Coetzee, Nobel da Literatura em 2003, numa encenação de Cristina Carvalhal, com interpretação de Cucha Carvalheiro, Bernardo Almeida, Luís Gaspar, Rita Calçada Bastos e Sílvia Filipe.
Esta apresentação, que poderá fazer lembrar o Auto da Barca do Inferno, não é mais do que o ponto de partida para uma reflexão mais abrangente “sobre a vida, a existência, aquilo que nos habita enquanto seres humanos e as grandes perguntas com que nos defrontamos”, descreve Cristina Carvalhal. No palco, para surpresa e desagrado do seu júri, Elizabeth Costello defenderá que uma escritora como ela não deve ter crenças – e essa será apenas uma das cenas em que a complexidade da personagem é evidenciada (no original de Coetzee, Costello cita Aristóteles, Tomás de Aquino ou Descartes).
Para a encenadora, este foi um desafio teatral: “servir as grandes ideias em doses possíveis”, diz Cristina Carvalhal, já habituada a adaptar para o palco obras do cânone literário (encenou, por exemplo, Cândido, de Voltaire, Erva Vermelha, de Boris Vian, e Cosmos, de Witold Gombrowicz). No final de contas, resume, este é um texto sobre “a gigante contradição que é esta escritora e que, de resto, somos todos nós”.
Elizabeth Costello > Culturgest > R. Arco do Cego, 50, Lisboa > T. 21 790 5454 > 13-16 dez, qua-sáb 19h > €13, €5