Um outro olhar, a mesma temática. Nesta terceira edição, o Festival Internacional de Cinema Queer Porto mostra ao grande público o melhor que a Sétima Arte produziu, no último ano, sobre as temáticas gay e transgénero. Aos filmes juntam-se instalações artísticas, performance e festas coloridas, num programa transdisciplinar, para ver desta quarta-feira, 4, até domingo, 8. Durante os próximos cinco dias, o público será convidado a circular entre o Teatro Rivoli, os Maus Hábitos, a Mala Voadora e a galeria Wrong Weather. “Juntamos sinergias e conjugamos atividades para uma programação mais coesa e lógica em articulação com as várias instituições”, diz o diretor do Queer Porto, João Ferreira.
Mais do que entreter, o festival dá a conhecer obras ligadas a estes temas, mas de caráter experimental e artístico. “Não tem de ser uma narrativa gay, lésbica ou transexual. É um olhar queer, uma forma de ver, nem sempre óbvia”, explica o diretor. Interessa, por isso, ver a estreia no Porto do filme 1:54, uma história sobre bullying do cineasta canadiano Yan England e que tem como protagonista Antoine-Olivier Pilon. É um dos filmes que integra o ciclo This is me, ligado à representação autobiográfica no cinema queer e onde surgem também obras de Peter Friedman, como Silverlake Life: The View from Here, que, para João Ferreira, é um “dos mais importantes e injustamente esquecidos” documentários sobre o VIH/Sida. “Mostra um lado muito cru numa altura em que o cinema queer lutava contra o estigma”, nota.
Entre curtas e longas metragens, mostram-se 30 filmes de 19 países diferentes. Além do ciclo This is me, o festival reúne em In My Shorts filmes de escola portugueses, em competição, e o programa de curtas Under a Spell, com foco na relação entre a sexualidade e o fetichismo.
Na competição oficial há oito longas-metragens de ficção e documentais. João Ferreira destaca Jours de France, a primeira longa-metragem de Jerôme Reybaud que é uma desconcertante viagem metafísica feita através de uma aplicação de encontros online, e Misandrists, uma comédia do cineasta Bruce LaBruce sobre uma célula terrorista feminina, que integrou a secção Panorama do Festival Internacional de Cinema de Berlim.
No foyer do Café Rivoli, estará uma instalação criada pela plataforma digital australiana Queer Tech.io que revela obras criadas na Internet. Já na Galeria Wrong Weather projeta-se uma míni serie realizada pela artista Shu Lea Cheang para o Madrid Pride 2017.
O festival estende-se ao Maus Hábitos com a Queer Pop Party, com a seleção musical a cargo de Rodrigo Affreixo (5 out) e a festa de encerramento associada à Groove Ball, numa versão do projeto APOCALYPSE, de Aurora Pinho (7 out). Entre as duas, há ainda a performance ARENA PU ER IMPERIAL, em parceria com a Matéria Prima. Um festival de todos os géneros para todos os gostos.
Festival Internacional de Cinema Queer Porto > Rivoli Teatro Municipal > Pç. D. João I, Porto > T. 22 339 2201 > 4-8 out, qua 17h, 19h, 21h30; qui 15h, 17h, 19h, 22h; sex 17h, 19h, 22h; sáb 15h, 17h, 19h, 21h30; dom 15h, 17h, 19h, 22h > €3,50 a €14 (passe 5 filmes)