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A partir de esquissos, de fragmentos e de algumas palavras, António Ole compôs a narrativa da exposição Corpo&Alma
Depois da retrospetiva na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, António Ole mostra no Porto a sua mais recente e intimista série de trabalhos. “É o resultado de um certo tipo de reflexões, que vou deixando em cadernos de desenhos e apontamentos, muito próximas da minha vivência em Luanda”, explica. A partir de esquissos, de fragmentos e de algumas palavras, o artista angolano compôs a narrativa da exposição Corpo&Alma, abordando temas, sentimentos e conquistas, vividas entre avanços e recuos pessoais.
“Trabalho muito ligado a coisas simples, que estão dispersas na alma e fazem a essência da pessoa.” António Ole, o único artista convidado a representar Angola na 57ª edição da Bienal de Veneza, a decorrer até final de novembro, permite-nos, assim, entrar no seu “próprio aquário”. A “etiqueta de artista africano”, recusa-a sem hesitações, uma vez que nos seus trabalhos destes 50 anos estão, para lá da africanidade, todos os lugares por onde passou, incluindo Lisboa e Los Angeles, que sempre influenciaram as suas obras. “Sou um artista do mundo e trabalho muito em trânsito entre diferentes cidades”, afirma.
Ao longo da exposição na Galeria SALA 117, em dez desenhos, três grandes pinturas, um filme e uma instalação, o artista vai dando pistas sobre os assuntos que lhe são próximos. Entre eles, no meio do turbilhão, surge Corpo Fechado, uma reflexão sobre Luanda, a guerra, a corrupção, a doença e o mau-olhado. Há também um filme artístico, realizado no Parque Nacional da Kissama, em Angola, na China e na Bélgica, ligado às questões ambientais, de proteção da natureza, no qual, através de uma linguagem muito poética, António Ole nos envolve numa dissertação sobre a natureza e a sorte da fauna animal.
Corpo&Alma > Galeria SALA 117 > R. Damião de Góis, 200, Porto > T. 22 012 9924 > 26 mai-15 jul, seg-sex 10h-13h-14h30-19h, sáb 15h-19h