Resumir o percurso de Mário Laginha ao jazz será talvez redutor, mas falar do jazz em Portugal sem mencionar o seu nome é tão-só impossível. Por isso e também pelo modo como cobre um espetro musical tão amplo – tanto vai do jazz mais tradicional aos registos mais mainstream ou até à world music –, é natural que, quando se anuncia mais um regresso do pianista ao palco da Culturgest, o burburinho seja geral. Afinal, tem sido aqui que Laginha tem encontrado o espaço, o tempo e a oportunidade para concretizar alguns projetos por si muito desejados, mas por qualquer razão eternamente adiados.
Foi assim com o disco a solo Canções e Fugas (2007) ou com o álbum de estreia do seu novo trio, Terra Seca (2013), no qual escreveu pela primeira vez música para piano, guitarra portuguesa e contrabaixo. Ambos nasceram de concertos nesta sala, o que só por si eleva as expectativas aos píncaros, neste regresso a um palco que tão bem conhece, trazendo consigo os companheiros de sempre, num trio clássico completado por Bernardo Moreira no contrabaixo e Alexandre Frazão na bateria. E é precisamente esse conforto, do formato, dos amigos e do espaço, que lhe dá a liberdade, como já anunciou, de mais uma vez experimentar coisas novas, como só acontece quando nos sentimos em casa.
Mário Laginha Trio > Culturgest > R. Arco do Cego, 50, Lisboa > T. 21 790 5155 > 19 abr, qua 21h30 > €18