A parceria dura todo o ano, esta entre a Casa Fernando Pessoa e a Fundação José Saramago, em Lisboa. Além do programa mensal, que vai alternando entre a casa de Campo de Ourique (onde Pessoa morou) e a Casa dos Bicos (sede da fundação Saramago), partilham um bilhete que permite aos visitantes de uma casa visitar a outra com desconto. Com as duas datas simbólicas que se assinalam este mês (o nascimento de José Saramago, a 16, e a morte de Fernando Pessoa, a 30), os Dias do Desassossego marcam assim uma espécie de ponto alto desta parceria
O programa desta 4ª edição abre, a 16, com a adaptação de O Conto da Ilha Desconhecida, de Saramago, pelo Trigo Limpo – Teatro ACERT, na Fundação José Saramago (18h30, grátis) e fecha com as canções de Júlio Resende e Salvador Sobral a partir dos poemas de Alexander Search, um dos heterónimos de Pessoa, na Casa Fernando Pessoa (30 nov, dom 21h, €8).
A destacar também é o concerto A Biblioteca dos Músicos, já este domingo, 20, no Teatro Municipal São Luiz (21h, €10). Depois de Mário Laginha, que estreou o formato no ano passado, cabe ao Quarteto de André Fernandes mostrar como interpretam os livros que leem. “Não se trata de trazer a literatura para a música de forma evidente, cantando ou musicando textos”, diz Margarida Ferra, responsável pela comunicação da Casa Fernando Pessoa. “Trata-se sim de perceber os caminhos destes músicos como leitores, como é que a música influencia o que fazem e que sons nascem das suas leituras.” O espetáculo, criado de raiz, inclui ainda a estreia de duas peças inéditas, compostas a partir da obra de dos dois escritores.
A novidade deste ano é o programa para a infância. Afinal o Caracol, com poemas de Fernando Pessoa, música de Joaquim Coelho e ilustrações de Mafalda Milhões, foi pensado para bebés dos seis meses aos cinco anos (19 nov, sáb 10h30, Casa Fernando Pessoa). Já Contatininhas são trava-línguas, parlendas e fábulas contadas ao som da concertina para crianças a partir dos quatro anos (26 nov, sáb 10h30, Fundação José Saramago).
Pelo caminho, ouve-se poesia no Bar Irreal, na Rua do Poço dos Negros (A Vida vai Engolir-nos, coordenação de Miguel Castro Caldas, com Lígia Soares e Tiago Barbosa, 18 nov, sex 21h) e prosa na Tasca das Galegas, na Travessa da Ribeira Nova (Tríptico, coordenação de Valério Romão, com Miguel Cardoso, Teresa Coutinho e Raquel Nobre Guerra, 25 nov, sex 20h30). Nos dois fins-de semana há passeios literários que se propõem a mostrar, pelas ruas de Lisboa, as marcas e pontos de passagem de Pessoa e Saramago (19 e 20, 26 e 27, €10-€12, marcação obrigatória). Para homenagear os dois escritores, e em parceria com a GAU – Galeria de Arte Urbana da Câmara Municipal de Lisboa, convidou-se o ilustrador André da Loba a deixar um trabalho nas paredes de Lisboa. No Largo de São Carlos, retomam-se as leituras encenadas com Dizem Que o Mundo Existe, coordenado por Joana Manuel e a participação de Cláudia Jardim e André Albuquerque, a partir de textos inquietantes de autores portugueses (27 nov, dom 17h).
O concerto dos Ensemble Jovem José Saramago agendado para o próximo dia 29, às 18 horas, na fundação, marca a estreia desta formação de músicos muito jovens que inclui a interpretação de duas peças de Fernando Lopes-Graça para textos de Fernando Pessoa e José Saramago.
Dias do Desassossego > Casa Fernando Pessoa > R. Coelho da Rocha, 16, Lisboa > T. 21 391 3270 > Fundação José Saramago > Casa dos Bicos, R. dos Bacalhoeiros, Lisboa > T. 21 880 2040 > 16-30 nov