O Fuso inclui sessões competitivas para autores nacionais, selecionadas por Jean-François Chougnet. Nesta 8ª edição, será visto o Grande Prémio Fuso 2015: Como comem os portugueses a torrada em pão de forma, do artista José Simões
Abolir as fronteiras entre público e museu é só um dos bons efeitos secundários do Fuso, o festival anual que coloca espreguiçadeiras nos jardins e terraços da capital para outra estirpe de festivaleiros: os que gostam de vídeo arte, e aqui acedem a um roteiro privilegiado e gratuito. Siga-se o calendário: esta terça-feira, 23, a Travessa da Ermida recebe a programação dedicada ao 45.º aniversário da Electronic Arts Intermix/EAI. Esta organização pioneira na investigação e apoio à vídeo arte, fundada em 1971, tem uma coleção de 3700 obras de artistas incontornáveis como Bill Viola, Bruce Nauman, Marina Abramovic ou Nam June Paik (deste último, por exemplo, será mostrado o remix Analogue Assemblage, de 2000). Ver-se-ão trabalhos “editados na EAI” (o acesso a edição vídeo mudou conceitos artísticos), incluindo raridades dos anos 1970 e 80. Este segmento do Fuso será complementado por uma série de encontros no Palácio Pombal, coordenados por Elsa Aleluia (entre 24 e 27).
Na quarta-feira, 24, a Praça do Carvão do MAAT recebe a Open Call. Na quinta, 25, ruma-se ao jardim do Museu do Chiado, para a sessão curada por Bruno Leitão (Hangar), a que se junta Tonteiras sem Fronteiras/Dizzy Mess, a cargo de Vivian Ostrovsky e baseada na sua pesquisa sobre representações da tontura em cinema e vídeo (patente no blogue on-dizziness.org). Entre os vídeos exibidos, está, por exemplo, One Week (1920), do cómico Buster Keaton. Próxima paragem: o claustro do Museu da Marioneta, no sábado, 26, é o cenário para as escolhas de Miguel von Hafe Pérez e para Uma viagem em Águas Salgadas, da chilena/norueguesa Daniela Arriado, diretora da plataforma digital Art Republic – cinco vídeos que exploram os temas das migrações, diáspora, identidade, viagem, turismo.
No fim de semana, atravessam-se outras colinas. No sábado, 27, a sessão pensada por Lori Zippay e por Thierry Destriez, diretor e conservador do Heure Exquise – Centre International pour les arts vidéo, faz-se nas ruínas do Museu Arqueológico do Carmo e é dedicada à memória e ao desejo: dos amantes separados por normas sociais, filmados por Carlos Motta em Deseos/Desire (2015), à evocação dançada pela atriz Anna Tenta em Entre-Temps (2016), vídeo filmado por Kika Nicolela no Museu Judeu belga, que foi hotel e prisão nazi. No domingo, 28, o jardim do Museu Nacional de Arte Antiga acolhe os vídeos escolhidos por Christine Van Assche, curadora de novos media do Centre Georges Pompidou, e a cerimónia de entrega dos prémios Fuso/Fundação EDP. Todos às espreguiçadeiras, já.
Fuso – Anual de Vídeo Arte Internacional de Lisboa > Vários locais em Lisboa > T. 21 323 0074 > 23 ago-28 ago, qua-sex 11h-17h, sáb-dom 14h-18h
