A coleção é quase uma viagem. Por sinais, símbolos, imagens e memórias, numa afirmação da identidade. “Com a minha pintura quero construir um espaço diferente e único onde possa defender a minha personalidade nestes tempos de massificação”, disse Graça Morais. A artista defende que a reflexão de tudo o que faz está nos quadros que pinta. Por isso, cada obra é “um território íntimo, de magia, onde a linha, a cor, o espaço e a luz aparecem carregados de espiritualidade”. Numa interação entre pintura e desenho, reúne vivências e personagens, paisagens e rostos, tradições e memórias, numa mostra de obras da Coleção da Fundação Paço D’ Arcos, que inaugura no Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, em Bragança, este sábado, 30. A vida está sempre presente, mas sem retratos realistas. Uma pintura de pessoas e animais, e a paisagem transmontana, que pode não aparecer, mas está lá como cenário de fundo ou num simples pormenor. É todo um universo carregado de sentido, num longo percurso artístico, traçado entre 1984 e 2008, e carregado de sentimento, que agora se pode (re)descobrir em mais de 80 obras.
Foi por indicação de Paula Rego que, em meados da década de 80, o colecionador José Pedro Paço D’ Arcos conheceu e se interessou pelo trabalho de Graça Morais. Desde então, seguiu de forma atenta e apaixonada a evolução da pintora. Obras como Interdito e Transfigurado e Mistério do Último Instante, ambas de 1987, foram as primeiras escolhas desta coleção que, atualmente é a mais representativa, seja em termos de séries, temas, técnicas ou períodos. “Cada obra da presente coleção encerra simultaneamente histórias e memórias da longa relação entre a artista e o colecionador”, indica Jorge Costa, comissário da exposição, sublinhando que aqui se agrega um núcleo forte de trabalhos, com enfoque nas séries Sagrado e Profano, As Máscaras, Cabo Verde, Diários do Japão ou O Mundo à Minha Volta, grande parte apresentada pela primeira vez no Centro de Arte Contemporânea Graça Morais.
Graça Morais na Coleção da Fundação Paço D’ Arcos > Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, R. Abílio Beça, 105, Bragança > T. 273 302 410 > 30 jan-26 jun, ter-dom 10h-12h30, 14h-18h30