O tempo é a infância, o espaço a cidade de Lourenço Marques, onde Isabela Figueiredo vivia com os pais nos anos 70. Em Caderno de Memórias Coloniais, o livro que reúne 43 textos curtos publicados no blogue Mundo Perfeito (substituído depois pelo Novo Mundo), a jornalista e escritora recorda os tempos de menina para, através da sua história pessoal (sobretudo da relação com o pai), fazer um parágrafo na história da colonização portuguesa. É a partir destes textos – com palavras por vezes bruscas, onde se assume o racismo dos colonos portugueses, e as violências são explicadas tal e qual – que se faz esta leitura encenada pela atriz Beatriz Batarda. E a que se junta também Isabela Figueiredo, intervindo com uma performance sobre a memória, perpetuada em objetos pessoais.
Inserido na programação paralela à exposição Retornar – Traços de Memória, que ocupa a galeria Avenida da Índia, em Lisboa, o espectáculo tem início marcado para as 17 horas deste sábado, 30, no Padrão dos Descobrimentos, prolongando-se por mais de três horas, ao longo das quais o público pode entrar, sair e regressar. Se assim o entender.
Leitura encenada Caderno de Memórias Coloniais, por Beatriz Batarda e Isabela Figueiredo > Padrão dos Descobrimentos > Av. Brasília, Lisboa > 30 jan, sáb 17h > Entrada grátis, sujeita a reserva (T. 21 303 1950, info@padraodosdescobrimentos.pt)
Caderno de Memórias Coloniais, de Isabela Figueiredo, foi lançado em 2009 pela Angelus Novus (176 pág., €15). Uma autobiografia que trouxe a público a experiência do “retorno”, tema tabu e muito timidamente abordado entre nós, que a Caminho também editou (224 pág., €10,90). Esta última, com texto original, revisto e aumentado pela escritora, e prefácios de Paulina Chiziane e José Gil.