A tela tem um metro e sessenta por um metro e vinte, é branca, tem fundo branco e, “se fecharmos ligeiramente os olhos, vemos umas riscas brancas, transversais”. Eis o quadro da discórdia entre três amigos de longa data, nesta história escrita por Yasminza Reza, e levada ao palco por António Feio, José Pedro Gomes e Miguel Guilherme, em 1998 e 2003, tornando-se uma das comédias de maior êxito da produtora UAU. Agora, a peça Arte regressa a cena, com João Lagarto, Vítor Norte e Adriano Luz, que também assina a encenação juntamente com Carla de Sá. O que é isso de arte e o que distingue uma obra-prima e algo “incrivelmente moderno” de uma coisa banal, sem valor? A discussão é essa, mas o texto há de levar os espectadores pelos meandros da amizade masculina. “É uma peça muito inteligente, escrita por uma mulher, por isso, um olhar exterior ao universo dos homens, mas muito pertinente. Reconhecemo-nos naqueles homenzarrões sempre criançolas, muito camaradas e que são capazes de apagar com um esfregão as picardias”, afirma Adriano Luz. “Fazermos agora esta encenação com atores mais velhos do que eram, na altura, o António, o José Pedro e o Miguel ainda torna mais risíveis aquelas discussões”, acrescenta. “Porque é que nós nos encontramos se nos odiamos?”, há de perguntar um dos três amigos no auge da discussão. Talvez porque, afinal, até seja simples resolver uma difícil questão de um quadro branco com um simples – mas extraordinário – marcador preto.
Arte > Teatro Tivoli BBVA > Av. da Liberdade, 182-188, Lisboa > T. 21 315 1050 > a partir 27 jan, qui-sáb 21h30, dom 16h30 > €12 a €18
Arte chegará ao Teatro Sá da Bandeira, no Porto, a 9 de junho e, antes disso, em abril e maio, passará em digressão por cidades como Braga, Estarreja, Torres Novas, Portalegre e Sintra, entre outras.