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Vítor D. Rosário
O convite é para que nos deixemos levar. Desde logo, pelos cheiros de grãos de cafés e de especiarias que se soltam da queimada que ali se faz ao lume. A bebida do Minho, que dizem ser capaz de nos tornar imune às doenças, é servida no início de Macha, ainda mesmo de se entrar na sala para assistir ao espetáculo criado pela coreógrafa Mariana Tengner Barros com o Ballet Contemporâneo do Norte. Lá dentro, estará a bailarina Susana Otero e o músico PandemiCK, que hão de dar corpo a este ritual, reinventado a partir de mitologias minhotas e celtas. “Nesta altura, apetece-me explorar o inconsciente coletivo e invocar alguma magia. E, por curiosidade, comecei à procura de rituais”, conta Mariana Tegner Barros. Ao de cima vieram também as suas lembranças das romarias a que assistia em pequena. “Foi voltar às raízes e criar novas coisas, inventámos um ritual neo-pagão, uma romaria experimental. É um espetáculo muito sensorial e é bom que as pessoas se deixem ir”, acrescenta a coreógrafa, que recuperou a figura de Macha, divindade protetora dos mortos, deusa da fertilidade e da abundância. “Existe ali a ideia de eterno feminino. É o início do acordar de uma energia feminina, não só de género, mas de uma força que precisa de ser trazida de volta à nossa existência”, sublinha. Como diz Rogério Nuno Costa na apresentação do espetáculo, Macha será o lugar em que a dança “em vez de disciplina, será culto, magia e sublimação”. E, mais do que nunca, para se “ver” com todos os sentidos.
Galeria Zé dos Bois > R. da Barroca, 59, Lisboa > T. 21 343 0205 > 13-16 jan, qua-sáb 21h30 > €7,50