Imaginemos uma aplicação no telemóvel, a Appy, que nos cativa com mensagens como “dez passos para uma vida nova” ou “experimente outra vida hoje, gratuito e sem compromisso”. Ao aceitar, daí para a frente surgem amiúde notificações com avisos de alguns minutos ou horas disponíveis para viver outra vida, para nos apropriarmos do corpo e da alma de outra pessoa e de tudo o que lhe é intrínseco.
A experiência pode ser a de uma mulher em trabalho de parto, com todas as dores e insólitos que isso implica, ou cair de paraquedas, a meio da noite, numa festa com alguns excessos. “Pelo menos, senti-me viva”, desabafa Rita, personagem principal cuja vida tem andado pelas ruas da amargura, depois do luto da morte da melhor amiga.
Com um elenco de 70 atores, entre eles Rui Maria Pêgo, Dinarte de Freitas, Tomás Taborda, Sara Carinhas, Valerie Braddell, a série de oito episódios tem tanto de sarcasmo como de drama, com uma Inês Aires Pereira diferente, que vai para lá da comédia, apesar dos momentos trágico-cómicos.
Desde 2018 que Patrícia Sequeira, realizadora e argumentista de Erro 404, em conjunto com Totta Alves e Guilherme Vital, andava a tentar concretizar este projeto de ficção, que “não tem a fórmula de sucesso comum”, com um crime, os casos de droga ou algum acontecimento marcante.
“A ideia original é baseada em todos nós, em como podíamos ser mais felizes por via do que vemos no Instagram, levando-nos a julgar que os outros são mais felizes do que nós”, explica Patrícia Sequeira (O Clube, Bem Bom, Snu). A história de Erro 404 começa num momento extremamente triste e de dor da protagonista, estando muito mais frágil e vulnerável. O que a Appy lhe proporciona é a possibilidade de viver uma experiência fabulosa, hilariante ou assustadora, o que se pode tornar um vício e uma armadilha.
Erro 404 > RTP1 > Estreia 11 mar, seg 21h > 8 episódios, um por semana