Tomás Noronha pouco ou nada tem de herói. Mas está a passar por uma crise matrimonial, tem uma filha com síndrome de Down e alguns problemas financeiros levam-no a aceitar um desafio que lhe muda o rumo da vida. Interpretado por Paulo Pires, o professor universitário, especialista em criptologia e paleólogo, é contratado pela Fundação Américo Vespúcio para descodificar a investigação do seu mentor. Martinho Toscano tinha em mãos novidades sobre a descoberta do Brasil quando foi assassinado e toda a informação está encriptada no documento Codex 632.
Daí em diante, o espectador viaja entre Lisboa e o Rio de Janeiro à boleia de muito mistério, aventura e ação, na série que tem elenco português (Ana Sofia Martins, Leonor Belo, Marcello Urgeghe, Miguel Nunes) e brasileiro (Betty Faria, Deborah Secco, Alexandre Borges). “Vamos ao passado para descobrir mensagens obscuras, quebra-cabeças e enigmas”, revela Pedro Lopes (autor de Glória, primeira série portuguesa da Netflix), argumentista, em conjunto com Inês Gomes, Alexandre Castro e Sandra Santos.
Há 18 anos, José Rodrigues dos Santos editava O Codex 632. Traduzido em 20 línguas, o livro abriu a coleção de 12 obras com a personagem Tomás Noronha como protagonista. O jornalista da RTP – galardoado, por estes dias, em França, com o Prix d’Excellence pela sua obra – iniciava assim o seu percurso pelos romances históricos, cuja principal questão era descobrir quem foi Cristóvão Colombo. Entretanto, desde 2011 que José Fragoso, diretor de programas da estação pública, queria adaptar a obra para uma série.
Com a brasileira Globo e numa produção da SPi, Codex 632 é, para Sérgio Graciano “O Código Da Vinci à portuguesa, mas com um olhar lá para fora”. O realizador conseguiu distanciar-se do livro e criar a sua “interpretação romântica” do texto original, “sem ficar excessivamente agarrado a personagens, a núcleos, ao caminho da História”. Já Pedro Lopes contou com José Rodrigues dos Santos, para o guião ganhar contemporaneidade, abordando temas atuais.
Por ser uma investigação histórica sobre personagens históricas, “temos oportunidade de falar sobre a construção da historiografia e da memória social, de discutir os Descobrimentos e a marca que deixámos de colonialismo, fazendo sentido nos dois lados do Atlântico”, explica Pedro Lopes.
Codex 632 > Estreia 2 out, seg 21h > 6 episódios, um novo cada segunda