Apesar de o filme se passar num futuro próximo, em Swan Song tudo o que é posto em causa são velhas questões. Cameron Turner está a morrer e sabe disso. À personagem interpretada por Mahershala Ali, vencedor de dois Oscars de melhor ator secundário em Moonlight e Green Book, foi diagnosticada uma doença terminal, mas também lhe foram apresentados um tratamento e uma solução (muito alternativa) para que a sua família, a mulher Poppy (Naomie Harris, a Moneypenny dos dois últimos filmes da saga 007) e o filho pequeno não sofram com o seu desaparecimento.
Modificando o seu ADN, Cameron verá nascer um novo eu, que viverá a sua vida. Este será o terceiro clone da clínica da doutora Scott, a atriz Glenn Close na pele de uma médica sem bata branca, sofisticada e persuasiva, para quem esta troca de identidades é uma questão de tempo até ser tão comum como um transplante de coração.
O dilema de uma vida resolve-se quando Cameron fica a saber que vai ser pai novamente – preocupa-o desaparecer e deixar a família sozinha. Toda a informação de Cameron é passada para o novo Cameron como se de um disco rígido se tratasse; tudo é transferido, até as memórias mais recônditas do seu subconsciente. Apenas um sinal na mão os distingue. O melhor de um passa para o outro, uma tela em branco que pede desculpa por existir – na verdade, por vontade do próprio.
Neste futuro próximo – a primeira longa-metragem realizada por Benjamin Cleary, vencedor do Oscar de melhor curta com Stutterer, que também assina o argumento original –, o ambiente é sereno, pautado por alguma modernidade incorporada no dia a dia, seja em carros de design, seja em auriculares, relógios ou lentes de contacto com câmaras integradas. A ética, a vida e a morte, o desejo de eternidade: tudo é questionável. Pudéssemos nós replicar-nos e ser eternos para os que mais amamos e será que não fazíamos o mesmo?
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Swan Song > Apple TV+ > Estreou 17 dez, sex