Não esquecer quem se foi aos 25 anos, torna mais difícil seguir em frente quando a vida prega uma rasteira. No auge dos anos 1990, Vernon Subutex foi dono de uma loja de discos chamada Revolver, onde o rock era uma religião e as festas e os excessos faziam parte do glamour desse submundo parisiense.
“Foi a última grande aventura da nossa civilização”, descreve a personagem, interpretada por Romain Duris – ator francês que o público acompanha também desde a sua juventude em A Residência Espanhola, As Bonecas Russas e Puzzle Chinês, trilogia de filmes de Cedric Klapisch. Agora, desempregado e despejado de casa, Vernon vê-se confrontado com uma decadência subliminar, em crescendo ao longo dos nove episódios (35 minutos cada). Desgrenhado, a fumar erva e a ver pornografia, o improviso do couchsurfing vai-lhe permitindo viver um dia de cada vez no sofá dos amigos de então. A sua vida embrulha-se ainda mais a cada história que inventa para sobreviver. Vernon Subutex gosta de relacionar pessoas com canções e, nesta série, a banda sonora é também um ingrediente principal, com temas de bandas como Poni Hoax, Sonic Youth ou The Jesus and Mary Chain, além das cantoras francesas Flora Fischbach e Calypso Valois integrarem o elenco.
A história deste nómada dos tempos modernos é a adaptação televisiva, feita por Benjamin Dupas, dos dois primeiros volumes da trilogia literária de Virginie Despentes, exímia escritora de retratos geracionais, principalmente, de submundos urbanos. Em 2015, esta obra venceu os prémios Anaïs Nin, Landerneau e La Coupole, além de ser finalista do Man Booker. É o ritmo da vida de Vernon que marca a realização de Cathy Verney, emocionada pelas palavras de uma geração.
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