As imagens de um noticiário dão conta dos problemas crescentes em França (e no mundo?), com os bloqueios do petróleo e as inerentes dificuldades na distribuição de bens alimentares a lançar o caos, sobretudo nas cidades. Não se percebe exatamente como tudo começou, mas os sinais iniciais da crise pressentem-se nas prateleiras mais vazias de um supermercado, onde decorre o primeiro episódio da série O Colapso. Oman, um dos funcionários, é convencido pela namorada a abandonar o trabalho e a partir para uma aldeia, porque dentro de pouco tempo, acredita, a vida em Paris ficará insustentável. Quando tentam comprar abastecimentos e não conseguem pagar com cartão, porque as comunicações com os bancos não funcionam, a situação fica fora de controlo.
O ritmo dos acontecimentos é alucinante, com oito episódios de cerca de 20 minutos filmados em plano-sequência, a retratar o escalar da violência e da desumanidade em diferentes situações: uma família proprietária de uma bomba de gasolina a quem o racionamento troca as voltas; um milionário retirado para um lugar “seguro”; uma comunidade rural a lutar pelo seu reduto. Com o ruir dos sistemas económico, financeiro e social, tal como os conhecemos, haverá lugar para a entreajuda, a igualdade ou a sobrevivência? A produção francesa, criada por Guillaume Desjardins, Jeremy Bernard e Bastien Ughetto (e nomeada para o Emmy Internacional de Melhor Minissérie ou Telefilme), foi lançada em novembro de 2019, poucas semanas antes da crise provocada pela pandemia e de cenas lamentáveis como o açambarcamento do papel higiénico. O relato duro e angustiante deste colapso da civilização ganha agora outro impacto, exatamente pela sua plausibilidade. A série será exibida em duas partes, na sexta, 8 e no sábado, 9, no canal AMC. No domingo, 10, será possível rever a série completa. Assista e salve-se quem puder.
O Colapso > 8-10 jan, sex-sáb 22h10, dom 18h10 (série completa)