Maria Teresinha Gomes (1933-2007) passou 18 anos da sua vida como general Tito Aníbal da Paixão Gomes, mas nos anos 90 do século XX foi desmascarada, acusada, julgada e declarada culpada dos crimes de usurpação de identidade e de burla, tendo sido condenada a uma pena suspensa de três anos. É a partir desta figura que Patrícia Müller e Vera Sacramento escreveram o argumento desta série que se desenrola em seis episódios, disponibilizados um por semana, na Opto, a nova plataforma de streaming da SIC.
Realizada por Sérgio Graciano, A Generala – uma história ficcionada mas baseada em factos reais – passa-se em três linhas temporais que se misturam. Ao espectador Maria Luísa Paiva Monteiro é apresentada em criança, já na juventude e na idade adulta. Em 1952, no Funchal, aos 9 anos, a pequena Maria Luísa delicia-se com saltos para o mar tal como fazem os seus amigos rapazes. Sempre repreendida pela mãe Celeste (Anabela Moreira), os seus pais ainda choram a morte do filho Otávio, “um menino exemplar”. Austera, a mãe só quer que ela se comporte como uma menina decente, que reze e ajude a limpar a casa. Em vez das tão desejadas aulas de natação, Maria Luísa vê-se obrigada a ter aulas de boas maneiras e etiqueta, a aprender a tomar chá e a caminhar com um livro na cabeça. Em 1964, Maria Luísa (Carolina Carvalho) quer candidatar-se à faculdade de Economia, mas não é do agrado da mãe e o pai quer arranjar-lhe um lugar como secretária na ilha, numa das empresas do maior empresário madeirense. A jovem vai fingir a sua morte, mas a mãe não acredita, pensa mesmo que ela fugiu.
Já no continente, em Lisboa, Maria Luísa apresenta-se como Otávio Paiva Monteiro. De cabelo curto, voz colocada, roupas masculinas passa bem por um jovem contabilista. Arranja um grande cúmplice, Artur (João Jesus, mais novo; Pedro Laginha, mais velho), um ator que, tal como ela, adora Shakespeare e lhe desenha o seu retrato. O mesmo que vemos pendurado na parede da prisão quando, em 1992, Maria Luísa (Soraia Chaves) é apanhada pela polícia.
Na pele de Otávio, Maria Luísa teve ainda outras falsas identidades fazendo-se passar por contabilista, consultor, advogado, assessor da embaixada dos Estados Unidos. Em 1974, dez anos depois de ter saído do Funchal, Otávio passa a ser o homem de quem mais se fala na capital. Tem 33 anos e a pretexto de um baile de Carnaval, Maria Luísa acaba por encontrar o disfarce ideal, o de militar do exército, personagem que irá interpretar até ao fim dos seus dias. O resto é a vida de um homem que se envolve com uma mulher que, mesmo depois de descobrir a sua verdadeira identidade, mantém a relação durante 17 anos. Terá sido este o primeiro caso em Portugal de alguém que se questionou e lutou pela igualdade de género? Certo é que aplaudimos de pé o elenco, muito em particular Anabela Moreira, Carolina Carvalho e Soraia Chaves.
A Generala > Disponível na plataforma Opto/SIC, um episódio por semana