Para Mildred Ratched, todos os fins justificam os meios. Enfermeira no Pacífico, durante a II Guerra Mundial, especializou-se na administração de anestésicos, terapia com oxigénio e tratamento de choque. Preocupada em encontrar a cura para a mente humana, é por muitos considerada um anjo da misericórdia, mas tem sempre um plano retorcido para tudo e para todos.
Não é preciso ter visto o clássico Voando sobre um Ninho de Cucos (1975) para agora compreender a história desta enfermeira com uma conduta moral e ética deveras questionável. Mas quem viu o filme protagonizado por Jack Nicholson e Louise Fletcher – papéis que valeram a ambos o Oscar da representação, dois dos cinco atribuídos ao filme realizado por Milos Forman, a partir do romance de Ken Kesey – sabe até onde Ratched consegue ir na sua atuação no hospital psiquiátrico. O que Evan Romansky fez ao cocriar esta nova série foi pegar na personagem da enfermeira, aqui interpretada por Sarah Paulson, e tentar compreender, no seu passado, o que a levou a ser tão maliciosa e perversa.
Há um ano com contrato exclusivo com a Netflix, Ryan Murphy já demonstrou, por diversas vezes, como é exímio a recriar homicídios (American Crime Story, com temporadas dedicadas ao caso O.J. Simpson e ao assassínio de Gianni Versace), a pregar valentes sustos (toda a saga American Horror Story, cuja segunda temporada também se passava num sanatório) e a retratar uma América de época (a década de 80, na Nova Iorque de Pose, ou os anos 40, em Hollywood). Também em Ratched há toda uma cenografia e um guarda-roupa sofisticados, de cores vivas, com peças de bom corte e a definir a silhueta feminina, de senhoras que usam chapéu, luvas e sapatos de fivela a marcar a diferença. O mesmo se passa com a banda sonora feita de mistério e de arrepios.
Depois de oito episódios iniciados com a chacina de padres, um novo massacre que vitima enfermeiras em Chicago deixa adivinhar para onde se mudará a ação da segunda temporada já marcada para 2021.
Ratched > Estreia 18 set, sex > Netflix