Um western com armas laser e naves espaciais. É um bom resumo de The Mandalorian, a última iteração de Star Wars e a mais recente série-bandeira da Disney, que chega agora a Portugal. Posicionada temporalmente 25 anos após o fim de O Regresso do Jedi, ela conta a história de um caçador de recompensas que encontra uma criança misteriosa. Para qualquer fã de Star Wars, isto já seria suficiente para tirar a carteira do bolso e atirar notas à televisão. Mas, ao fazer da série o pilar da sua plataforma de streaming (disponível a partir de 15 de setembro), a máquina Disney criou um fenómeno mais abrangente. Numa paisagem mediática fragmentada, em que cada pessoa está a ver uma série diferente, conseguiu a proeza de, na estreia nos EUA, pôr “toda a gente” a falar no Baby Yoda.
É este o poder da Disney: mesmo sem ter visto um minuto da série, provavelmente já ouviu falar do nome, viu um GIF ou um meme. É a alcunha da personagem mais bem-sucedida dos últimos anos – definitivamente a mais fofinha – e a destilação da nova Hollywood. O triunfo da propriedade intelectual sobre histórias originais e o star power de antigamente. Quem chamaria mais pessoas ao cinema ou a assinar um serviço de streaming: Tom Hanks ou Baby Yoda?
Já seria impossível falar de qualquer produto Disney sem o enquadrar numa lógica industrial e de domínio inédito do universo do entretenimento, mas a série The Mandalorian presta-se ainda mais a esse exercício. É como se tivesse sido desenhada por um algoritmo: cada cena parece construída para se tornar viral nas redes sociais. É económica e eficaz, com episódios com pouco mais de 30 minutos e uma temporada de apenas oito episódios. Tendo em conta a simplicidade do argumento, nem precisava de tanto tempo.
Enquanto cruzamento entre Xena, a Princesa Guerreira, e Star Trek, toca em todas as campainhas nostálgicas do nosso cérebro, acrescentando-lhe muitos milhões de orçamento, uma produção de nível de blockbuster e uma banda sonora superior, que nos transporta para esse ambiente de faroeste no Espaço. The Mandalorian carrega consigo toda a herança cultural de Star Wars, sem ter de agonizar entre agradar aos fãs e abrir um novo caminho. Baby Yoda é uma folha em branco, não tem bagagem. É uma meia hora bem passada, que nos faz regressar àqueles domingos à tarde preguiçosos. É, talvez acima de tudo, uma máquina de fazer dinheiro. Mas vejam o Baby Yoda a beber de uma minicaneca e depois digam se resistem.
No fim de semana de 12 e 13 de setembro, antes de o canal Disney+ chegar a Portugal (a 15 de setembro), algumas séries, como The Mandalorian, High School Musical: O Musical: A Série, O Mundo Segundo Jeff Goldblum e O Nosso Chef, terão uma antestreia nos cinco canais Fox, Disney Channel, National Geographic e 24Kitchen.
The Mandalorian > Estreia 15 set, ter > Disney +