Aviso à tripulação: eles estão aí. Os efeitos da tecnologia. Pode idolatrá-la, demonizá-la ou nem perder tempo a pensar nisso, mas ser cidadão digital e estar imerso num ambiente tecnológico interligado – e hiperligado – tem consequências imprevisíveis. Este é o pano de fundo da premiada série britânica Black Mirror, criada por Charlie Brooker no final de 2011, com a intenção de abordar o lado obscuro da sociedade digital do século XXI. A quarta temporada é fiel à ideia original, descrita então por Brooker, ao jornal The Guardian: “Se a tecnologia é uma droga – e parece sê-lo –, quais são os efeitos colaterais?”
O genérico, um espelho negro que se quebra sem aviso, devolve a quem vê o que está do outro lado do ecrã, de todos os ecrãs presentes no nosso quotidiano. A forma quase profética como a série retrata a zona de fronteira, ténue e impercetível, entre realidade e ficção, tem merecido uma aclamação da crítica e vários prémios, a que não é alheia a escolha de realizadores e atores. Os seguidores de Black Mirror vão poder ver seis novos episódios com temas e elenco distintos e os fantasmas (ou ameaças reais) do costume: adição, vigilância eletrónica, perseguição e sobrevivência em cenários de terror, induzidos por dispositivos dotados de deep learning (que agem de acordo com a informação que lhes vamos dando).
Após realizar episódios das séries Orange Is The New Black e House of Cards, Jodie Foster assina Arkangel, um thriller sobre uma mãe helicóptero numa América futurista. Na ficção espacial USS Calister, é de assinalar o regresso dos atores Jesse Plemons e Cristin Milioti (Fargo) e de Jimmi Simpson (Westworld e House of Cards).
Crocodile foi filmado na Islândia e é sobre uma mulher assombrada pelo seu passado. Tim Van Patten (realizador de A Guerra dos Tronos e Os Sopranos) dirige o episódio Hang the D.J. (refrão cantado por The Smiths, nos anos 1980), que mergulha na vida de um homem e de uma mulher à procura do par perfeito com um sistema que gera – e gere – potenciais parceiros (atenção fãs da série Peaky Blinders: Joe Cole continua em alta).
David Slade (Hannibal) é o “culpado” por Metalhead, história de sobrevivência a preto e branco, ser um dos mais aterradores da temporada, que fecha com Black Museum, três narrativas não menos assustadoras.
Black Mirror > disponível 29 dez, sex 8h