O F simboliza festival e festa; o L sugere língua e liberdade, e o C fala para a cidade. Juntos resultam no FeLiCidade, com um programa que reúne, no Centro Cultural de Belém (CCB), pensamento, música, literatura, performance e cinema de países falantes de português. O mote é a celebração dupla do Dia Mundial da Língua Portuguesa (5 de maio) e dos 50 anos do 25 de Abril.
“Com este festival, tentamos celebrar, questionar e incentivar o diálogo entre os países de língua oficial portuguesa. Mas também vamos refletir sobre a violência que as línguas foram sofrendo ao longo dos tempos”, diz Aida Tavares, a nova diretora artística para as artes performativas do CCB e também do FeLiCidade.
Neste sábado e domingo, dias 4 e 5, haverá aulas, sessões de cinema, leituras encenadas, conversas, concertos e lançamentos de livros, entre outras propostas pensadas para todos os públicos. “É um festival que cruza diferentes públicos, áreas de interesse e privilegia o contacto com os artistas, permitindo ainda conhecer locais dentro do CCB que não costumam estar acessíveis”, sublinha Aida Tavares. O FeLiCidade tem entrada gratuita.
Nos dois dias, as manhãs serão dedicadas às crianças, sendo preenchidas com contadores de histórias, pelo ator Miguel Sermão (sáb-dom 11h) e por Adriano Reis (sáb 11h30), e ainda caças ao tesouro, piqueniques, livros sorteados, clubes de leitura e quizzes literários (sáb-dom 10h30-17h).
No primeiro dia, pelas 11h, destaca-se a aula sobre o universo de Luís de Camões, nascido há 500 anos, por Frederico Lourenço, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, na Sala Sophia de Mello Breyner Andresen. Por volta das 12h, decorre mais uma aula, desta vez em torno de Alexandre O’Neill (cujo centenário do seu nascimento se assinala este ano), por Maria Antónia Oliveira, autora dos livros Não. Uma Biografia do Ar.Co (2014), Alexandre O’Neill, Uma Biografia Literária (2007) e A Tristeza Contentinha de Alexandre O’Neill (1992). Neste encontro, serão lembrados os seus poemas e prosas bem como as letras de canções, os slogans publicitários, as traduções, os textos para cinema, teatro e televisão.
À mesma hora, na Sala Luís de Freitas Branco, o público será convidado a participar na conversa Mas o existido continua a doer eternamente (verso do poeta brasileiro Drummond de Andrade), com o escritor e ativista indígena Daniel Munduruku (Brasil), o historiador Francisco Bethencourt (Portugal) e o escritor e ex-ministro da cultura de Cabo Verde, Mário Lúcio Sousa. A conversa será moderada pela jornalista Bárbara Reis.
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Neste dia, haverá ainda a oportunidade de assistir ao filme O Marinheiro, do franco-japonês Yohei Yamakado, a partir do poema de Fernando Pessoa, exibido em contínuo entre as 14h e as 19h, na Sala Amadeo de Souza Cardoso (repete no domingo, à mesma hora), e à estreia de Heterofonia: Instalação para Ação Poética, de Afonso Mota, baseada no primeiro ato da obra heterónima de Alberto Pimenta (sáb-dom 14h-19h, Sala Maria Helena Vieira da Silva).
A programação prossegue pelas 16h, no Jardim das Oliveiras, com o concerto de Lula Pena com o mestre griot da korá guineense Braima Galissá. Na Praça do CCB, pelas 17h, vai ouvir-se o som das Batucadeiras das Olaias e do bloco de maracatu Baque Mulher Lisboa. Este primeiro dia encerra com a roda de samba do Coletivo Gira, a partir das 23h45.
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No domingo, 5, o festival tem como ponto alto a estreia da cópia digital restaurada (pela Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema) do filme O Primo Basílio, de George Pallu (1923), com composição original de Filipe Raposo, interpretada ao piano. Para assistir às 20h, no Grande Auditório.
Ao longo do dia, destacam-se as leituras encenadas com Cláudia Jardim e Cláudia Semedo (12h, Sala Jorge de Sena), e Somos o Que Pudemos Não Perder com Sara Carinhas, Selma Uamusse e Ola Mekelburg (13h15, Foyer do Grande Auditório, piso 2). De salientar ainda o jogo-instalação Quanto Vale a Liberdade? para crianças, na Fábrica das Artes (14h30-17h30).
Ao final da tarde, incluído na seção das Spoken Word, o DJ Huba convida o espectador a sentir o amor como bem entender, a partir de uma seleção de textos autorais. O encontro está marcado às 18h45, no terraço do Pequeno Auditório, no piso 1.
A música volta a animar o público com o concerto de Luca Argel e Filipe Sambado no Jardim das Oliveiras, às 15h30. Mais tarde, pelas 21h, na Praça do CCB, a banda do B.leza convida as Batucadeiras Voz d’África, Danilo Lopes, Diogo Picão, Klaudio Hoshai e Manecas Costa.
O encerramento faz-se no Jardim das Oliveiras, a partir 22h30, com o espetáculo da brasileira Puta da Silva. Em palco, a artista combinará elementos de uma banda, candomblé, músicas da cultura popular brasileira, poemas e músicas autorais.
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Inserido no dois dias do FeliCidade, decorre um mercado de vestuário, cosmética, acessórios para cabelo, peças em crochet, livros, edições de autor, publicações do projeto Falas Afrikanas, joalharia e bordados feitos à mão. Na zona de petiscos, haverá oportunidade de experimentar diferentes cozinhas.
FeLiCidade – Festival da Língua e da Liberdade na Cidade > Centro Cultural de Belém > Pç. do Império, Lisboa > 4-5 mai, sáb-dom 10h-1h > programação completa no site e na app FeliCidade, que permite organizar as diferentes atividades por dia