Dar a conhecer territórios menos explorados de Lisboa, através de uma mostra de iniciativas gratuitas, tem sido o objetivo do Todos – Caminhada de Culturas, desde 2009. Este ano, o festival regressa aos bairros da Charneca e da Ameixoeira, na freguesia de Santa Clara, em três fins de semana: 26 e 27 de agosto, 2, 3, 9 e 10 de setembro.
Esta será uma edição (a 15ª) de despedida da freguesia, já que o Todos trabalha em cada território durante três anos, mas nem por isso menor. Pelo contrário. Eis sete momentos a não perder.
1. Exposição Distopia Urbana, de Pauliana Valente Pimentel
Resultado de uma residência artística de Pauliana Valente Pimentel na freguesia de Santa Clara, a exposição Distopia Urbana é composta por 16 fotografias impressas em panos da comunidade de etnia cigana do bairro da Ameixoeira, que convida à reflexão sobre a vida destas famílias. A inauguração neste domingo, 27, no Centro Cultural da Ameixoeira (R. Glicínia Quartin, 24), é seguida de um almoço com tempero cigano (13h, €7), de uma conversa e de um concerto (15h) com os irmãos Emanuel (vocalista) e António Matos (guitarrista), artistas trazidos pelo projeto A Música Cigana a Gostar Dela Própria, de Tiago Pereira. No fim de semana de 9 e 10 de setembro, a exposição poderá ser vista no Jardim de Santa Clara.
2. Música
A música ao vivo tem sido um dos pressupostos da companhia de teatro documental Hotel Europa, ao longo dos seus oito anos de existência. Para esta edição do Todos, a companhia convidou todos os músicos com quem tem vindo a colaborar, entre os quais Selma Uamusse, Joana Guerra, Mariana Camacho, Mbalango, Pedro Salvador, Edison Otero ou Simone Carugatti. O espetáculo será neste neste sábado, 26, às 18h30, na Quinta Alegre, na Charneca.
Também na Quinta Alegre, no dia 3 de setembro, às 18h30, estará Luca Argel. O músico e compositor brasileiro irá apresentar ao vivo Sabina, o seu quarto álbum de originais, lançado em fevereiro deste ano.
Na programação musical, destaque ainda para a atuação da Orquestra Todos, projeto que junta músicos provenientes de várias partes do mundo, e o convidado Tonecas Prazeres, compositor, guitarrista e intérprete natural de São Tomé e Príncipe. Será no sábado, 2, no Largo do Ministro, entre a Rua Direita da Ameixoeira e a Estrada da Ameixoeira.
No Jardim de Santa Clara, atua a banda Senza, formada por Catarina Duarte e Nuno Caldeira, cuja sonoridade bebe de diferentes influências. Para este concerto, no dia 10, pelas 15h, a dupla convida a Orquestra Geração, composta por elementos de diferentes proveniências geográficas e culturais, como Cabo Verde, Angola e Brasil.
3. Comida do mundo
Durante o Festival Todos, há diferentes cozinhas do mundo para conhecer e, acima de tudo, provar na Quinta Alegre, na Charneca. Neste sábado, 26, a partir 11h30, o workshop dedicado à cozinha vegan (€7, inclui a refeição), desafia a preparar uma refeição equilibrada e que obedece aos princípios da sustentabilidade. A ideia é que cada pessoa leve uma faca, tábua de corte, taça, bloco de notas e avental. Também neste dia, entre as 15h30 e as 19h, será servido o Lanche Deslocado, com pratos preparados por famílias refugiadas, que lembram os seus países de origem.
Seguem-se dois almoços (€7): no dia 2 de setembro, dedicado às comidas de São Tomé e Príncipe; e no dia 9, com Comidas de Lá Para Si, trazidas por músicos da Orquestra Todos.
O capítulo da gastronomia encerra a 10 de setembro, último dia do festival Todos, com Mesas de Convívio com Gosto a Mundo, confecionadas por famílias oriundas de vários países, no Jardim de Santa Clara, entre as 13h e as 19 horas.
4. Manjar, de Tiago Cadete
Trata-se de um grande banquete, porém sem comida. Eis a proposta de Tiago Cadete em Manjar, em que as palavras evocam os sabores que foram sendo construídos durante a colonização portuguesa, a partir de testemunhos de residentes oriundos das ex-colónias, e tendo como referência o Livro de Cozinha da Infanta D. Maria de Portugal. A mesa, com 60 lugares, será posta no Centro Cultural da Ameixoeira, pelas 15h30, nos dias 2 e 3 de setembro. O público terá à disposição uns auscultadores para, durante uma hora, ouvir as diferentes histórias (requer incrição prévia).
5. Arte Urbana
Também Alice Pasquini andou em residência artística pela freguesia de Santa Clara. A street artist italiana criou uma série de intervenções, a partir de emoções e relações entre pessoas da freguesia, que serão desvendadas num percurso orientado no sábado, 9, pelas 16 horas. O encontro está marcado no antigo Cine Estrela, no bairro da Charneca, um dos locais intervencionados, seguindo depois por oito lugares escolhidos pela artista e pelo Todos. Às 21h30, no Jardim de Santa Clara, haverá um DJ set de Sandro Orrù, conhecido por DJ Gruff, um dos pioneiros do hip-hop, acompanhado da projeção de vídeos captados durante a residência de Pasquini em Santa Clara.
6. Cidade do Destino, de Miguel Jesus
Feito a partir de encontros inusitados, dançados ou cantados, o espetáculo Cidade do Destino, de Miguel Jesus, leva-nos a questionar o conceito de cidade. Partindo de poemas de Hafiz, entre outros textos, o dramaturgo convidou atores e músicos que vão interagindo com o público presente no Jardim de Santa Clara no dia 10, a partir das 13 horas. O momento final está marcado para as 17 e 30.
7. Visita à Quinta Alegre
A Quinta Alegre, propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, abre-se no primeiro sábado de setembro, dia 2, aos participantes do festival Todos para uma visita orientada. Mandada construir por Manuel Telles da Silva, 1.º Marquês do Alegrete, é um exemplo das quintas de recreio barrocas dos arredores de Lisboa. Durante a visita, que começa às 10h30, será exibido o documentário A Céu Aberto, resultado das filmagens do projeto artístico e performativo criado por Raquel Belchior e equipa, e desenvolvido no Cine Estrela, na Charneca, a partir das memórias das pessoas que o frequentaram. Esta iniciativa termina com um passeio até ao antigo cinema, agora em ruínas.
Festival Todos > Ameixoeira e Charneca, Lisboa > 26-27 agosto, 2-3, 9-10 set > grátis > programa completo aqui