LISBOA
1. Jamaica e Tóquio
Os mais céticos estavam de pé atrás com a mudança de poiso destas duas míticas discotecas vizinhas no Cais do Sodré, fechadas desde a pandemia. Só voltaram a abrir em outubro, depois de sucessivos adiamentos, num armazém no Cais do Gás, mais perto do rio. Uma vez lá, ninguém duvida de que a mudança lhes fez bem. Não falta nada do antigamente: o porteiro, os barmen, o DJ, a música, as caras de sempre e o chão a colar nas noites mais agitadas. Com o plus de haver uma esplanada, onde se pode fumar e pôr a conversa em dia sem ser aos berros.
2. A Praça
Os queijos, azeites, enchidos e vinhos de pequenos produtores portugueses são os protagonistas d’A Praça, no Hub Criativo do Beato. Depois de se ter dado a conhecer no verão (que bem que se esteve na esplanada), abriu em definitivo em outubro. Por agora (e não é pouco), reúne garrafeira, mercearia e charcutaria, serve petiscos, organiza concertos e conversas com produtores. Em 2023, A Praça há de crescer para uma escola de cozinha, um restaurante, uma peixaria e um talho de raças autóctones, com serviço de grelha.
3. IDB Rooftop
Um terraço gigante apontado para os Olivais, de um lado, e Moscavide, do outro? É verdade: o antigo edifício do Entreposto é agora o Innovation and Design Building Rooftop e tem três mil metros quadrados abertos ao público, com uma pista de running (Kampus), cinco rampas de skate (Crack Kids), uma exposição de letreiros luminosos (Letreiro Galeria), um mural artístico de 40 metros (Los Pepes), um baloiço para os mais novos, uma carrinha de street food de assinatura, um bar, muitos lugares para nos sentarmos e, lá está, vistas para a zona oriental de Lisboa.
4. Museu do Tesouro Real
Em junho, abria finalmente o Museu do Tesouro Real, na ala poente do Palácio Nacional da Ajuda, revelando, pela primeira vez, juntas e de forma permanente, as joias da Coroa portuguesa. São cerca de 900 peças, entre ouro e diamantes, joias e insígnias régias, muitas delas nunca antes vistas pelo público, e mostram-se numa caixa-forte à prova de quase tudo, menos de visitas. Admiremo-las, senhores.
5. Palácio do Grilo
Fica no Beato, aquela zona da cidade que ainda está a salvo das invasões turísticas de outros bairros. E vale mesmo a pena ir à periferia visitar este palácio, com 350 anos, também conhecido como tendo pertencido aos duques de Lafões. Além da surpreendente recuperação do edifício, os seus jardins são o complemento ideal de uma refeição ou de um copo, já que o palácio está aberto das 11h à meia-noite. Durante o jantar, os empregados podem surpreender com performances teatrais.
6. Pica-Pau
Num tempo em que imperam os “conceitos”, a abertura de um restaurante de cozinha portuguesa bem-feita e sem twists merece toda a atenção. Luís Gaspar comanda a cozinha do Pica-Pau, no Príncipe Real, com uma ementa que atravessa várias regiões, ao sabor de petiscos (saladinha de polvo, peixinhos da horta…) e pratos do dia (açorda de gambas, cabrito assado no forno, arroz de cabidela…). No final, é imperativo provar as farófias e o arroz-doce. Uma delícia.
7. Mama Shelter
A mesa de matraquilhos, à entrada, e as máscaras de super-heróis, nos quartos, espelham a irreverência deste hotel, o primeiro em Portugal da cadeia francesa Mama Shelter. Inaugurado em meados de janeiro, entre o Largo do Rato e a Avenida da Liberdade, foi pensado para se socializar. No restaurante e bar, seja a almoçar, a jantar ou a beber um copo, à hora do brunch, em festas temáticas ou no terraço, vale quase tudo, desde que seja para a diversão.
PORTO
1. Mercado do Bolhão
Desde que reabriu requalificado, a 15 de setembro, tem recebido um mar de gente – só no primeiro mês, foram mais de 600 mil pessoas. Aos comerciantes históricos do Bolhão têm-se juntado novos negócios, no rés do chão, como doces conventuais, massas e temperos, cogumelos ou conservas. Em 2023, devem abrir os restaurantes no piso superior e a maioria das lojas no exterior.
2. Tokkotai
Fica num edifício vincado a granito, na Rua do Comércio do Porto, este restaurante que é uma lição de gastronomia japonesa. E pode dizer-se que faltava à cidade um sítio assim, com uma abordagem criativa das técnicas tradicionais, onde não há lugar a combinados nem a menus de degustação. Na cozinha, valoriza-se o rigor e exalta-se a frescura de cada ingrediente. Já o desfile de iguarias procura despertar sensações do primeiro ao último prato.
3. Padaria Brites
É uma das padarias artesanais que surgiram no Porto, a marcar a tendência desta forma de fazer pão na cidade. Abriu em janeiro, na zona do Marquês, mas a ligação de Verónica Dias à massa mãe é bem mais longa. Aqui, além de pão de fermentação lenta (de trigo, centeio, espelta ou mistura), faz-se viennoiserie artesanal, sendo o croissant, que demora três dias a executar, e o pain au chocolat os mais procurados.
4. Batalha Centro de Cinema
O edifício de 1947, na Praça da Batalha, voltou a exibir cinema a 9 de dezembro, 22 anos depois de ter passado o último filme e após três anos de obras de requalificação. Renasceu com outro nome, outras formas de olhar a sétima arte (exposições, conversas…) e com os frescos de Júlio Pomar à vista, resistindo à censura da PIDE. O maior, com cerca de 100 metros, ocupa parte do foyer principal do edifício e o mais pequeno foi pintado no andar superior.
5. Novo Ático
Desde junho que o antigo Salão Ático, no Coliseu do Porto, funciona como Novo Ático. Palco de chás dançantes e de matinées entre as décadas de 1950 e 1970, transformou-se numa sala de espetáculos, com uma lotação de 300 pessoas em pé e 180 sentadas, que ali podem assistir a concertos ao domingo, ao final da tarde (18h). E nós só podemos aplaudir.
6. LOT – Labels of Tomorrow
Na Rua de José Falcão, desde junho, a LOT – Labels of Tomorrow é loja de roupa, calçado e acessórios de marcas independentes, mas também galeria de arte urbana (em parceira com a Underdogs, de Vhils) e cafetaria com uma carta de brunch e vista sobre o terraço e o jardim. As 15 marcas aqui presentes são fruto da curadoria (cuidada) dos mesmos proprietários da loja The Feeting Room.
7. Botella Food & Wine
A garrafeira com provas de vinhos e petiscos, aberta no verão e com vista para o mar, é um exemplo da dinâmica que a Foz do Porto ganhou nos últimos meses. Com vários negócios (restaurantes, sobretudo) a mudarem-se da Baixa para esta zona da cidade, a Foz promete recuperar a movida de outros tempos.