Depois de um interregno de um ano, o Jardim de Verão regressa esta sexta-feira, 24, à Fundação Calouste de Gulbenkian. O primeiro concerto acontece às 17 horas, no jardim das ondas, com R&B sob o signo de Luanda. Nayela, compositora e multi-instrumentista radicada em Lisboa, abre o programa deste ano, composto por mais de 30 concertos e DJ set, cinema ao ar livre e poesia, com curadoria de Dino D’Santiago (ciclo de música) e Olivier Hadouchi (ciclo de cinema).
Este ano, o Jardim de Verão prolonga-se por três fins de semana – dias 24 a 26 de junho, 1 a 3, e 8 a 10 de julho –, numa edição ancorada na exposição coletiva Europa Oxalá, patente na Fundação até 22 de agosto, que repensa a Europa pós-colonial, partindo dos trabalhos de 21 artistas europeus que mantêm ligações familiares com África. Aliás, durante os nove dias em que decorre a iniciativa, a entrada na exposição é gratuita e terá horário alargado até às 21 horas, às sextas e aos sábados.
A música vai fazer-se ouvir pelos três palcos montados nos jardins da Gulbenkian, em finais de tarde intensos com cerca de cinco espetáculos por dia, todos gratuitos, que, segundo Dino D’Santiago, “trazem as memórias rítmicas de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, da República Centro-Africana e da Gâmbia.” “Sonoridades que viajam do tradicional ao vanguardismo e transformam Lisboa numa das capitais mais crioulas da Europa.”
Nesta sexta-feira, 24, depois de Nayela, há afro-pop da cabo-verdiana Kady e afro-tek de Nídia. Às 17 e 50, é a primeira oportunidade para ouvir Alice Neto de Sousa, a poeta portuguesa com raízes em Angola que abre e encerra a iniciativa com duas sessões de declamação de poemas da sua autoria. Já Bruno Soares aka DJ Berlok é o DJ residente deste Jardim de Verão. Durante este fim de semana, passam ainda pela Gulbenkian nomes como Acácia Maior, Manecas Costa, Mindy Guevara e Buruntuma.
Nos próximos dois fins de semana, há de ouvir-se o R&B de Sílvia Barros, o afro-house do produtor Boddhi Satva, a nova música angolana de Toty Sa’Med, o afro-jazz de Huca, o Kuduro de Fábio Krayze e a música tradicional do artista gambiano Mbye Ebrima e da Banda Monte Cara. NBC, Sir Scratch, Yeri e Yeni, Batukadeiras X e DJ Marfox, que encerra a programação musical no dia 10 de julho, também fazem parte desta celebração.
Em paralelo, decorre a mostra Cinema e Independências programada por Olivier Hadouchi. Com seis sessões, são quase 600 minutos de curtas e longas-metragens projetadas no Anfiteatro Ao Livre, à sexta e ao sábado – dias 24 e 25 de junho, 1 e 2, 8 e 9 de julho (os bilhetes custam 2,50 euros). Entre os filmes apresentados estão Margem Atlântica (2006), documentário de Ariel de Bigault que parte ao encontro de artistas como Amélia Muge, Kalaf Ângelo ou José Eduardo Agualusa, que têm em comum uma ligação pessoal com África, terra das suas origens, famílias, infâncias; ou Constelações do Equador (2020), de Sila Tiny, que segue os destroços materiais e imateriais que permanecem em São Tomé desde a guerra de secessão do Biafra. Música, cinema e poesia para fazer pensar e avivar memórias num dos jardins mais bonitos da cidade.
Jardim de Verão > Fundação Calouste Gulbenkian > Av. de Berna, 45A, Lisboa > 24-26 jun, 1-3 e 8-10 jul, sex-dom a partir das 17h > grátis, sessões de cinema €2,50 > programa completo aqui