1. Escaroupim: As aves que nunca nos deixam

Este passeio ribatejano pode começar em ambas as margens do rio: na aldeia avieira de Escaroupim ou em Valada do Tejo, onde melhor se pode apreciar o dique, construído em 1881 para proteger estas localidades das águas. Em qualquer dos casos, aconselha-se que se procure por Madalena de Mello Viana, da empresa Ollem, e a sua bateira ao estilo de antigamente. A quantidade de garças de seis espécies que se avistam na ilha em frente a Escaroupim é o primeiro atrativo a que é impossível ficar indiferente. Mais à frente, passa-se pelo mouchão dos cavalos, e os puros-sangues lusitanos mostram-se a pastar e a serem treinados na coudelaria Seabra. Com sorte, a maré está de feição e dá para visitar a Palhota, outra aldeia avieira, em pior estado de conservação mas, ainda assim, com imenso charme. Antes do regresso a Escaroupim, onde há enguias para todos os gostos e pratos de caça no restaurante com o nome da aldeia, vai-se até a uma barreira de areia em que se podem encontrar bandos de pequenas andorinhas a esvoaçar, caso ainda não tenham migrado para paragens temperadas. Isso não será um problema, pois a qualquer momento deste passeio, haverá aves para observar. Porém, nada se assemelha ao voo de um milhafre-preto que acaba de se exibir. Ollem > T. 91 720 4758 > seg-dom 10h30, 16h > €25
2. Lisboa: Ver a cidade do rio

Mesmo para quem conhece Lisboa como a palma da mão, ver a capital a partir do rio dá-lhe uma nova perspetiva, sem nunca lhe roubar encanto. Com a DiscoverOasis, isso acontece de várias formas, a bordo de um veleiro. Pode comprar-se um bilhete, partilhando a beleza da capital com outras pessoas (máximo de dez), para um passeio de duas horas que vai do Terreiro do Paço ao Padrão dos Descobrimentos, sempre com a zona ribeirinha debaixo de olho. A margem sul também ganha novas tonalidades, ao aproximarmo-nos de Cacilhas. Como se já não bastassem estes bilhetes-postais (impossível não apontar a câmara em todas as direções), ainda se recebe uma bebida (“queria um copo de vinho, se faz favor”) e um aperitivo de queijo e presunto. Claro que tudo isto se torna superlativo ao cair da tarde, apanhando o pôr do Sol, mas os passeios acontecem três vezes por dia e qualquer horário tem a sua magia. A outra opção é alugar o barco de uma só vez para dividir a vista apenas com um grupo de amigos ou família. Neste caso, desde que não se exceda a dezena de passageiros, o programa é feito à medida, escolhendo-se o tempo, o trajeto e o tipo de passeio no rio – claro que o preço terá de ser ajustado a essas opções. DiscoverOasis > Doca de Santo Amaro, Lisboa > T. 91 118 5210, geral@discoveroasis.pt > seg-dom > €25 (€30 pôr do Sol), aluguer do barco a partir de €250
3. Sesimbra: Mar, doce mar

A costa ao largo da serra da Arrábida é um poço de refúgios secretos, e disso faz prova esta viagem de duas horas que junta, em pano de fundo, os tons verdes e azuis do mar com o som das gaivotas. A partida dá-se no porto de Sesimbra, com a promessa de percorrermos as arribas e as praias da zona. Antigamente, quando os sistemas de localização eram ainda uma quimera, os pescadores avistaram um frade, durante uma noite de tempestade, e chamaram à baía onde o tinham encontrado Baía do Frade. Hoje, além de festas de aniversário e de despedidas de solteiro a bordo, é aqui que podemos lançar as cordas e pôr o arnês para experimentar rapel. Mais à frente, mestre Júlio conta-nos a história da Praia do Inferno – para as gerações de pescadores, como o pai e o avô, uma ondulação mais forte naquela zona era indício de que seria um inferno passar no cabo Espichel. Sem tempestades a bordo, a única dificuldade que podemos ter nesta viagem é conseguir pegar na objetiva a tempo de fotografar a fauna marinha desta região – entre robalos e chocos, a maior competição entre pais e filhos é mesmo a de conseguir encontrar um tubarão-tintureira nas algas que dançam nos três observatórios situados no piso de baixo da embarcação. Aquarama > Cais nº 1, Porto de Sesimbra > T. 96 526 3157 > seg-dom 10h, 15h > a partir de €15/pessoa, €50 (família)
4. Vila Nova de Milfontes: Deixar a confusão da costa

Não é preciso afastar-nos muito do Litoral para escapar da multidão que normalmente enche as praias da costa alentejana, por estes dias. Basta apanhar o barco da Bture, com o timoneiro André Albino, junto ao castelo (na verdade, trata-se do Forte de São Clemente), e seguir pelo Mira, um dos rios menos poluídos da Europa, cujas águas salgadas, e sob influência das marés até Odemira, chegam a atingir os 28 graus nesta altura. Os passeios custam entre €15 e €25 e podem durar até três horas, dependendo da maré e do percurso escolhido. “Era um rio muito importante para a economia da região. Os navios vinham a Milfontes, à Casa Branca e a Odemira carregar arroz, trigo e sal”, explica. Os tempos são outros e os velhos montes estão abandonados ou transformados em moradias de luxo pelos novos habitantes da região, como se comprova pelos ancoradouros privados ao longo do rio. Durante a maior parte do passeio não se vê vivalma. No alto, a voar aos círculos, avista-se um par de águias-de-asa-redonda. Com a aproximação do mar, as margens transformam-se em sapal, onde garças e bandos de alfaiates procuram alimento no lodo, durante a maré baixa. “Existem mais de 30 espécies de aves no rio e cerca de 300 no concelho”, nota André, que também faz passeios de birdwatching. Btour > T. 92 534 8205 > desde €15
5. Guadiana: Na calma do Alentejo

Ao sabor do rio Guadiana, somos acompanhados por águias-reais, bufo-real, entre algumas aves aquáticas, como o cortiçol-de-barriga-preta, mas também pelo silêncio e pela beleza natural da paisagem. Dos diversos passeios de barco, organizados pela Beira Rio Náutica, ao longo do Parque Natural do Vale do Guadiana até Alcoutim, há dois que se destacam, ambos com saída de Mértola. Um deles é o percurso ribeirinho (1 hora), que desvenda esta vila alentejana, a ponte romana e as azenhas do Guadiana. Dependendo da maré, pode ser feito ao final da tarde, quando as cores são mais quentes, e as temperaturas, mais amenas. O percurso até ao Pomarão (3 horas) revela-nos a aldeia piscatória, cujo casario branco se estende pela encosta, e recorda-nos o passado deste antigo porto que recebia o minério da Mina de São Domingos. Beira Rio Náutica > R. Dr. Afonso Costa, 108, Mértola > T. 91 340 2033 > seg-dom, horário varia consoante a maré > €10-€30
6. Vários locais: Navegar pelos sabores de rio e de mar
A beleza dos rios e a imensidão do mar são o limite para o recente projeto Faina, criado por Nuno Nobre, consultor nas áreas da gastronomia e turismo. A degustação de sabores de rio ou de mar é um dos ingredientes principais destes passeios, que se estendem de Cascais à ria Formosa, passando por Lisboa, Ericeira, Sines, Madeira ou Açores. Das várias experiências a bordo, destaca-se a observação e a apanha de moluscos em Ribeira d’Ilhas, na Ericeira, seguindo-se a degustação de algas, burriés, lapas, mexilhão ou ouriços-do-mar (a partir €45/pessoa). Já a Fish Wines (a partir €75/pessoa) leva-nos a provar os vinhos que melhor combinam com acepipes de peixe, e com o Festim de Ostras saboreamos vários tipos de ostras portuguesas, com espumante e ao pôr do Sol (a partir €95/pessoa). “O saber de cada local, a valorização do mar e da arte da pesca e o respeito pelas tradições são o isco desta Faina”, resume Nuno Nobre, um apaixonado pelo mar e mariscador, há mais de 40 anos, pela mão do pai. www.fainaexperiences.pt > T. 96 292 2466, 91 214 2266 > Os preços variam de acordo com o tipo de barco, o local de embarque e a experiência a bordo
6. Zêzere: Por entre serras e montanhas

A partir da aldeia do xisto de Álvaro, no concelho de Oleiros, descemos a encosta em direção ao ancoradouro. Ali, procuramos a casa-barco da Floating Álvaro, que alia o alojamento a passeios no Zêzere e a outras atividades náuticas, e zarpamos à descoberta dos encantos do rio e das suas margens. Sugerimos dois percursos com duração de uma hora. Navegando para sul, chegamos a Pedrógão Grande, integrado na Zona do Pinhal Interior Norte, onde predominam pinheiros, eucaliptos e oliveiras. Já para norte, o destino leva-nos à aldeia Cambas, com uma paragem na praia fluvial para dar um mergulho. “O Zêzere é um rio navegável, o ano inteiro, e, como tem pouca ondulação e pouca corrente, é ideal para quem costuma enjoar”, diz Pedro Castanheira, proprietário do Floating Álvaro. A estas duas rotas, junta-se ainda o passeio até Trinhão, um pequeno paraíso perto da Pampilhosa da Serra, entre outros destinos aconselhados pelo “marinheiro” Pedro. Floating Álvaro > Marina de Álvaro, Oleiros > T. 96 776 3564 > €60/hora, capacidade até 12 pessoas
7. Aveiro: Flamingos e ovos-moles

Atracado no Posto Náutico dos Galitos, o Gaivinha (a andorinha-do-mar) é uma embarcação ecológica, movida a energia solar, que permite descobrir os canais e os esteiros menos conhecidos da ria de Aveiro. Todos os dias, faz duas viagens por marcação – Duas Águas (45 a 60 minutos) e Esteiros (90 a 120 minutos, inclui degustação de ovos-moles, raivas e espumante da Bairrada) –, além de passeios a dois e de observação de aves. “Os percursos dependem das marés”, conta Sandra Oliveira, guia e proprietária do barco. Atravessam, quase sempre, o esteiro do Gramato, o farol de São Jacinto, o Rio Novo do Príncipe e, se tivermos sorte, ainda nos brindam com as gaivinhas ou a garça-real… Sandra diz que não raras vezes lhe telefonam a pedir para ir ver os flamingos. “Tenho de explicar-lhes que isto não é um jardim zoológico. Umas vezes, podemos encontrá-los; outras, não.” Sterna > Pç. Dr. Joaquim de Melo Freitas, Aveiro > T. 91 678 0198 > seg-dom 10h, 15h (por marcação) > Duas Águas: €14, 2-14 anos €8; Esteiros: €28, 2-14 anos €15
8. Lisboa: Tejo, menino e moço

Se um passeio pelo Tejo é a oportunidade para nos deslumbrarmos com a zona ribeirinha de Lisboa, a bordo do novo ferry panorâmico da FRS Portugal são as cores e a História da capital que nos encantam ao longo de mais de duas horas. O ponto de partida é na renovada Estação Fluvial Sul e Sueste, no Terreiro do Paço, e logo aí a ondulação não é motivo para nos distrairmos da imensidão de azul que, entre o céu, o mar e os edifícios da Ribeira das Naus, enche o horizonte. Seguindo a linha do rio, a viagem continua pelo Cais do Sodré, pelas docas de Alcântara e por Belém – entre eles, espreitam os típicos bairros da cidade, como o Chiado e a Ajuda, e até o Castelo de S. Jorge, entre fachadas de múltiplas cores. Chegados à Torre de Belém, é hora de virarmos a sul e ficarmos boquiabertos com o imenso património geológico que antecipa a chegada ao Cais do Ginjal: mesmo antes de cruzarmos Cacilhas, é este o local perfeito para tomar um copo de vinho ao final da tarde ou início da noite, com Lisboa no horizonte e embalados pela música ambiente. Sem darmos pelo tempo passar, o Panteão Nacional e a Igreja de S. Vicente de Fora já espreitam entre os prédios coloridos e desalinhados de Alfama. Estamos de regresso, já de noite, com o Arco da Rua Augusta iluminado. FRS Portugal > Estação Fluvial Sul e Sueste, Pontão 2, Lisboa > seg-dom 17h30, 19h30 > €9-€29/pessoa, €49-€69 (família)
10. Pinhão: Brindar ao Douro

Se há passeio que se deve fazer pelo menos uma vez na vida é este pelo rio Douro, a bordo de antigos barcos rabelo, com a duração de uma ou de duas horas – desde o cais do Pinhão à Quinta da Romaneira ou, mais adiante, até à foz do rio Tua. Olhando para uma e outra margem, pasmamos com as vinhas erguidas geometricamente nos socalcos, escutamos histórias de outrora, através do audioguia, conhecemos as castas dos vinhos do Porto e do Douro, ao mesmo tempo que imaginamos as longas viagens na época em que as barricas eram transportadas desde o vale do Douro até às caves em Vila Nova de Gaia. Não há, de facto, maior exemplo da relação entre a Natureza e o Homem do que esta paisagem do Douro vinhateiro. À passagem de outro barco, acena-se aos tripulantes, seguindo-se a tradição. E, dependendo do percurso, pode beber–se um cálice de vinho do Porto a bordo, brindando à sorte que temos pelo Douro ser nosso. Companhia Turística do Douro > Cais do Pinhão, R. da Praia > T. 254 732 702, 92 669 3639 > seg-dom 10h30-17h30 (hora a hora) > €10-€20, 5-11 anos €5-€10, menores de 5 anos grátis
11. Alqueva: Nas águas do Grande Lago

É no buggy de Joaquim Pedro Siquenique que começa este passeio, primeiro pela zona exterior da fortaleza da Juromenha, vila ribeirinha do Alqueva, depois rumo ao cais fluvial. “A vista é bonita cá de cima”, diz, enquanto nos deliciamos com a paisagem, que se estende até ao lado espanhol, junto a Vila Real, perto de Olivença. A volta de barco pode levar uma hora ou o dia inteiro, se formos até Monsaraz, mas, qualquer que seja a duração, é certo que, no caminho, nos cruzaremos com corvos-marinhos e outras aves na beleza natural das encostas, cobertas de azinhal, montados e matos baixos. Termine-se com um almoço ou petisco no restaurante Pata Larga, uma das variantes destes passeios. S.L.F. Joaquim Pedro Siquenique – Passeios de Barco > Cais Fluvial da Juromenha > T. 96 296 4065 > a partir de €10