Se antes se tomava a direção da Rua Cândido dos Reis, junto à Torre dos Clérigos, às sextas à noite, para tomar um copo, agora é possível “ouvir-se o mundo”, em sessões de música. Miguel Guedes, 45 anos, e James Keating, 33, conheceram-se há cerca de um ano e rapidamente perceberam que partilhavam as mesmas paixão e curiosidade pela música. “Temos um gosto idêntico, colecionamos álbuns, dos anos 70 a 90 e contemporâneos, das mesmas editoras”, conta Miguel.
Os discos iam-se acumulando nas casas de ambos, até concluírem que “tal não fazia sentido sem os partilhar”, tal como qualquer coleção, de resto, acreditam. Estavam assim criadas as condições para surgir, no final do verão passado, o Quarto Mundo, com sessões de música temáticas.
É no segundo andar, de um prédio antigo, numa sala com pé-direito desafogado e janelas grandes, debruçadas sobre a Baixa, que os encontros acontecem, uma vez por semana, com a duração de duas horas. Além de mobiliário rétro e vintage, há sofás confortáveis e duas estantes, onde alinham mais de 200 vinis de jazz e eletrónica, de sons orgânicos e ambientais. Além, claro, de um sistema de som analógico de alta-fidelidade, para ouvir as melodias como deve ser.
Aos interessados não basta aparecer, é necessário inscreverem-se através da conta no Instagram, pois a lotação é de apenas 12 pessoas por sessão, sem preço fixo de entrada. “É quase como uma experiência, cada pessoa deve avaliar e atribuir um valor a doar pela mesma”, explica Miguel. Neste tempo, em que a vida corre em contrarrelógio, sem interrupções, “o desafio é parar, escutar e sentir”, sublinha Miguel. Para isso, começa-se por servir um chá ou um vinho do Porto, a luz diminui e solta-se a música, de mansinho…
Quarto Mundo > R. Cândido dos Reis, 46, Porto > quartomundoporto@gmail.com > sex 21h30-23h30
