Logo depois de as portas do Lux se fecharem, na quinta, dia 12, de acordo com as indicações do Governo, esta discoteca começou a reinventar-se. Os tempos não estão para socializar, para abraços nem beijos, mas ainda se pode dançar. E foi por isso que, dois dias depois, a pista reabriu – em streaming, claro, e com ajuda da nossa imaginação.
No sábado seguinte, dia 21, a coisa repetiu-se, já sem problemas técnicos, cada vez mais profissionalizada. E sempre cumprindo com todas as recomendações da Direção Geral de Saúde. No Lux estiveram apenas quatro pessoas, as indispensáveis, como um técnico de som e luzes, mais uma equipa de 12, em teletrabalho, a cuidar de tudo a partir das suas casas. A dançar, foram aos milhares, mantendo uma conversa através do chat que estes diretos das redes sociais permitem, sempre bem disposta, variando entre convites para ir fumar um cigarro à varanda ou para trazerem uma bebida do bar. “Um copo de vinho branco, please!” E ainda houve quem mandasse fotos e vídeos da sua noite caseira, para aumentar a interação e tornar a experiência o mais real possível.
“Logo a seguir a fecharmos, começámos a pensar como nos devíamos colocar e sempre tivemos claro que tínhamos de acrescentar alguma coisa. Acreditamos que isto que optámos por fazer corresponde a um serviço público, desempenhado com o máximo sentido de responsabilidade”, conta Pedro Fradique, programador do Lux, já a preparar o streaming deste sábado, 28, pelas onze da noite e até às duas da manhã. Quase uma matiné para o Lux, tendo em conta que, nas noites melhores, se podia sair de lá com o sol bem alto. Os horários pouco importam agora e os portugueses estão sedentos de momentos que lhes permitam desligar, esquecer os ventiladores, as mortes, as quarentenas, o mundo, ou naquilo em que ele se transformou.
Além deste ritual (pode chamar-se assim, pois até já se marcam encontros para sábado à noite, no Lux), a discoteca de Santa Apolónia mudou de visual (vão lá espreitar os logos que ficaram mais coloridos) e abriu seis canais (além do site) para onde exporta conteúdos, com agenda marcada. Apanhe aí uma caneta e um papel e aponte, se faz favor, que são muitos encontros com hora marcada debaixo do chapéu Fazemos por Aqui.
De segunda a sexta, mantém-se, logo de manhã, a rúbrica Lux do Dia (uma música escolhida e justificada), que agora passa a estar disponível a um auditório muito mais vasto, no Youtube. De segunda a quarta, às seis da tarde, há o From To, uma playlist de alguém convidado para a fazer (Moullinex foi o primeiro). De quinta a sábado, é fim de semana e, por isso, haverá Lux Frágil FM (que já era um programa da rádio Super Bock Super Rock), no canal Mix Cloud. À sexta, no Sound Cloud, é tempo de Play it Again – sets de djs gravados ao vivo na discoteca. “São inéditos, que muita gente nunca ouviu”, garante Pedro Fradique.
No próximo streaming vão emitir, de novo, a partir do piso do meio, com a qualidade de som garantida, a ponto de se poder ligar a uma aparelhagem de casa. E, nunca é de mais repetir, dançar como se lá estivéssemos.
Ao domingo, o dia da ressaca, haverá encontro no Sound Cloud, mas sem avisos prévios. “Serão coisas aleatórias, que provavelmente sairão do nosso acervo”, revela Pedro Fradique, lembrando que no domingo passado foi buscar ao baú os jornais que imprimiram entre 2008 e 2009 e distribuíam à porta e mostrou-os à sua comunidade.
Agora que já tem a agenda preenchida, está tudo a postos para dançarmos na sala aqui de casa, de copo de vinho na mão? Lá os espero, que no mundo virtual cabe sempre mais um.
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