O meu tio João Ruella Ramos era um esteta. Pensei nisso quando fui até à D. Pedro V à procura de um determinado recanto, teve de ser. Afinal, foi com ele que apreciei a sério as traseiras desta rua, depois de bebermos um café no quiosque do jardim do Príncipe Real que todos conhecem por Oliveira. Já andara noutras ocasiões por detrás dos prédios com número par mas só nesse final de tarde, na sua companhia, percebi o encanto da vista parcial e baixa que temos mal transpomos um dos arcos.
O Arco do Evaristo deve o seu nome precisamente à vista que vislumbramos no final, ensinou Gustavo de Matos Sequeira, num texto publicado na revista O Ocidente que agora lemos pela mão do blogue Paixão por Lisboa. O político e olisipógrafo não duvidava de que a origem de Evaristo está na expressão “A ver a vista”, um dia transformada na corruptela “Avarista”.
Em meados do século XIX, era assim que se chamava aquele arco que comunicava com o Alto do Marquês de Penalva, zona habitada por “gente duvidosa e bulhenta”. Umas dezenas de anos depois, vá-se lá imaginar porquê, os responsáveis pela toponímia da cidade mudaram-lhe o sexo. Certo é que continua a valer a pena percorrer o Arco do Evaristo só para olhar Lisboa. É como espreitar pelo buraco de uma fechadura e ver muito mais do que se esperava.