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Underdogs Public Art Tours
Luis Barra
Underdogs Public Art Tours
As paredes e muros pintados viraram atração na cidade
Sábado à tarde, todos a bordo do minibus, porque as distâncias são grandes e a volta é coisa para durar cerca de três horas. Isto se for em grupo, porque para duas pessoas há um sidecar que combina mesmo bem com a visita. Lisboa está transformada num museu e há curiosidade em perceber o que é isso de graffiti e essa arte dita urbana que se faz nos muros e empenas dos prédios. A Underdogs, a plataforma dirigida por Alexandre Farto (Vhils) e Pauline Foessel, através do programa de exposições na galeria no Braço de Prata, já deu a Lisboa 20 murais, assinados por alguns dos melhores artistas nacionais e internacionais. E este ano decididu levar lisboetas e turistas a conhecerem melhor esses trabalhos.
Inaugurada em março, a rota percorre sobretudo a zona oriental da cidade (Marvila, Xabregas e Parque das Nações), aproveitando-se para mostrar outros bairros e outras vivências longe das zonas mais turísticas. Antes, e como ponto de partida, estaciona-se junto ao Hall of Fame das Amoreiras e ao projeto Crono, na Avenida Fontes Pereira de Melo, que trouxe a Lisboa, em 2010, os brasileiros Gémeos, o italiano Blue e o catalão Sam3. Mostra-se o lado mais underground do graffiti e da contestação política, a par daquele que é considerado um momento de viragem na história recente da arte urbana, depois do jornal inglês The Guardian ter incluído o projeto na lista das 10 melhores obras de street art do mundo.
Ao todo são 12 paragens, e tirando a galeria e a loja da Underdogs no Mercado da Ribeira onde termina o passeio, tudo o resto são paredes e muros cedidos pela Câmara Municipal de Lisboa ou doados por particulares, onde artistas como Sainer, Okuda, Clemens Behr, Olivier Kosta-Théfaine, os brasileiros Nunca e Bicicleta Sem Freio, os gémeos How e Nosm ou o coletivo Cyrcle deixaram a sua obra. E depois há Vhils, claro, e os rostos anónimos que tem gravado pela cidade, como em Alcântara, por altura da exposição Dissecação no Museu da Electricidade, ou no Jardim do Tabaco, numa colaboração com PixelPancho.
Mercado da Ribeira > Av. 24 de Julho, 50, Lisboa > inscrições: marina@under-dogs.net > €35, grupos (7-14 pessoas) €28/pessoa
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Bairro de Marvila
Marvila
O esquecido bairro da zona oriental de Lisboa está a ser redescoberto por gente nova e criativa
Este foi o ano em que muitos negócios e projetos criativos escolheram instalar-se em Marvila. As portas já se foram abrindo, mas em 2016 hão de concretizar-se ainda mais mudanças, que continuarão a enriquecer este bairro emergente da zona oriental da cidade. Os grandes atrativos têm sido as rendas (ainda) simpáticas, face à especulação imobiliária de outras zonas nobres de Lisboa, o pouco trânsito, a existência de estacionamento e os bons acessos. Marvila, na verdade, esteve sempre ali, a meio caminho entre Santa Apolónia e o Parque das Nações, nascido apenas há 17 anos – mas 2015 parece ter sido o ano da sua redescoberta. Típica zona de doca, em finais do século XIX, circulavam ali diariamente milhares de pessoas, vindas de elétrico, trabalhadores dos armazéns de vinho, das fábricas de armamento, de fósforos, de borracha, de sabões e tabaco. São esses locais que estavam vazios e abandonados há décadas que começaram agora a ser a morada de gente nova com ideias diferentes. A primeira academia de parkour do País, a Spot Real, já está em pleno funcionamento, enquanto o Vertigo Climbing Center põe novos e velhos a escalar paredes. Multiplicam-se os espaços de cowork, como o Lisbon WorkHub ou o Todos, devido à grande procura de escritórios para alugar. Para comer e beber também não faltam novas propostas: o menu surpresa do restaurante Entra, o recém-inaugurado brunch aos sábados do Café Com Calma, a verdadeira comida cantonesa do Dinastia Tang, os petiscos, copos e música ao vivo do Beatus, as cervejas artesanais Dois Corvos que agora se podem degustar numa sala de provas. E já deve faltar pouco para o chefe de cozinha argentino Chakall abrir o seu novo restaurante. Nos próximos meses, seguramente, hão de existir ainda mais motivos para rumar a oriente.
![mj mesa bairro 05.jpg](https://images.trustinnews.pt/uploads/sites/5/2019/10/8043010mj-mesa-bairro-05.jpg)
Restaurante Mesa do Bairro
Mesa do Bairro
No Arco do Cego, um velho mercado foi transformado em restaurante e garrafeira
O ambiente contemporâneo fica bem à comida tradicional que aqui se serve, com um tempero bem português. A Mesa do Bairro abriu dois anos depois do previsto, seguindo a tendência de outros anos da renovação dos mercados antigos e transformando o velho mercado do outrora bairro social do Arco do Cego em restaurante de dois andares, com garrafeira e esplanada. Contudo, o atraso foi compensado pelo conceito inovador que trouxe ao panorama dos restaurantes de Lisboa. A receção dos comensais é feita pela garrafeira, com um propósito: para que o vinho seja escolhido, de entre mais de 150 referências portuguesas, para depois ser consumido no andar de cima (pagando a chamada taxa de rolha) ou para, mais tarde, ser levado para casa. Os clientes aderiram e têm assim hipótese de beber vinhos de qualidade a um preço justo.
O apoio do chefe consultor Luís Baena foi essencial para chegar a uma ementa de sucesso com deliciosos pastéis de massa tenra, sopa de peixe, rabo de boi e um saboroso jarrete de novilho – um tornozelo que, depois de mais de seis horas de preparação, nos chega à mesa tostadinho numa assadeira, com a carne a desmanchar-se com uma colher. A partir de janeiro, a Mesa do Bairro passará a abrir também aos domingos. Ficamos à espera.
R. Reis Gomes (antigo Mercado do Arco do Cego), Lisboa > T. 21 847 0268 > ter-sáb 12h30-15h, 19h30-23h
![mj restaurante topo 10.jpg](https://images.trustinnews.pt/uploads/sites/5/2019/10/8043013mj-restaurante-topo-10.jpg)
Restaurante e bar Topo
Mario Joao
Topo
Há rooftops e depois há este no Martim Moniz
Desde agosto que no centro comercial do Martim Moniz é um entra-e-sai constante, a partir do meio-dia. A clientela que raramente ia para aqueles lados da cidade passou a subir ao sexto piso para comer, beber e ver a vista. Foi esta a aposta de José Rebelo Pinto, o mentor do mercado de fusão, na praça que se vê lá de cima do Topo e também do mega êxito Out Jazz. Depois de descobrir este armazém de artigos chineses num shopping multiétnico, transformou-o num poiso para outro tipo de pessoas, daquelas que gostam de estar em sítios com alma.
Ir ao Topo passou a ser moda. Quer pelos pratos assinados por Miguel Simões de Almeida (tártaros, pregos, hamburgueres, montaditos, guacamole e hummus), a preços acessíveis, quer pelos originais cocktails (à base de gin, rum e vodka) que saem das mãos de Luís Domingues. E ainda há o plus da vista, como já se disse. Dali, a cidade é a Graça (a esplanada e o novo jardim), o Castelo de São Jorge e os telhados alfacinhas.
A decoração prima pela simplicidade, e o bom gosto é culpa da dupla João Botelho e Miguel Oliveira. Na sala interior, com um balcão à la Galeto e mesinhas tête-a-tête, há janelas a toda a volta e por isso a visibilidade é quase tão boa como ao ar livre. Dentro e fora, predominam as madeiras claras e o preto.
Com sorte, na esplanada, apanha-se algum DJ ou um grupo a tocar, mas a música será sempre em modo chill out, muito bem enquadrada pelas cores e desenho da cidade.
C.C. do Martim Moniz, 6º andar > Pç. do Martim Moniz, Lisboa > T. 21 588 1322 > ter-qui e dom 12h-24h, sex-sáb 12h-02h
![lb jardim cerca graca 19-06-15 3150.jpg](https://images.trustinnews.pt/uploads/sites/5/2019/10/8043016lb-jardim-cerca-graca-19-06-15-3150.jpg)
Jardim da Cerca da Graça
Luis Barra
Jardim da Cerca da Graça
Um espaço verde no meio do casario lisboeta
Abriu a tempo dos dias quentes de verão e estava mesmo a fazer falta aos habitantes da Graça e de Lisboa de uma forma geral. Trata-se do único grande espaço verde na zona histórica da cidade e ganhou o nome de Jardim da Cerca da Graça. São 1,7 hectares distribuídos em socalcos, para dar uso à inclinação da colina e bem aproveitar todos os recantos, que custaram 874 mil euros à autarquia. Mal as portas se abriram (tem duas), os lisboetas começaram a passar muito por ali, até porque este espaço também serve para facilitar a ligação ao bairro vizinho da Mouraria. Pelo caminho, deita-se o olho às 180 novas árvores que vão crescendo lentamente, aos três imperdíveis miradouros sobre os telhados da cidade e sobre o rio, ao relvado central, ao pomar que pulveriza o ar de um aroma a laranjeira, às crianças que brincam no parque. Quando se vai com mais tempo, apetece sentar na esplanada do quiosque, a cargo da Cozinha da Mouraria, o projeto social de Adriana Freire, que, à boleia da multiculturalidade das redondezas, serve petiscos do mundo. Mas também existem os típicos bancos de jardim e mesas de piquenique. Numa versão mais descontraída, a relva bem aparada serve perfeitamente para sentar.
Fora da cerca do jardim, podem ouvir-se os sinos da igreja a dobrar ou a música de uma banda que toca perto da esplanada da Graça, onde desemboca a escadaria que fica junto a uma das entradas. O retoque perfeito neste novo parêntesis na urbanidade. A cidade segue já a seguir.
Cç. do Monte, 46, Lisboa (entrada principal)
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Manuel João Vieira, no Maxime sur Mer
Maxime sur Mer
Um regresso aguardado
Ao fim de quase cinco anos, a promessa cumpriu-se. É certo que o novo Maxime Sur Mer – o nome que reuniu maior consenso – não tem a patine do antigo cabaret da Praça da Alegria, mas somos da opinião que nestas coisas de regressos, o mais importante é que a festa continue, agora num armazém à beira Tejo, logo ali ao lado do terminal fluvial do Cais do Sodré. Manuel João Vieira assume novamente a direção artística. Aberto no final de outubro, o novo Maxime Sur Mer define-se como bar e sala de espectáculos ao vivo “com componente cabaret”. Tem bengaleiro, comme il faut, e camarins catitas para receber os artistas que atuam no palco, ladeado por dois balcões de bar. Está montado a meio, e não ao fundo, que assim ninguém perde pitada do que por lá se passa. E se a programação não é lá muito fácil de definir, aproveitem-se as palavras de Vieira para dizer que é assim “uma mistura equilibrada que não se limita a um só género de música e com espectáculos de gente maravilhosa do cançonetismo português”. O que não quer dizer que ali não possam acontecer performances, exposições ou projeções de cinema, aproveitando-se as pinturas assinadas pelo próprio Manuel João que funcionam como paredes móveis, a criar diferentes ambientes.
Lá mais para a frente, que é com quem diz para o ano que vem, a ideia é abrir a meio da tarde, com esplanada e petiscos, para aproveitar a vista. Quando tal acontecer, a entrada será feita pelo Cais do Gás. Por enquanto, em dias de festas e concertos, é o portão na Rua do Cintura do Porto de Lisboa que se abre de quinta-feira a sábado, a partir das 22 e 30.
R. Cintura do Porto de Lisboa / Cais do Gás, Armazém A, Lisboa > T. 96 005 5535 > qui-sáb, a partir das 22h30
![mj.13137.jpg](https://images.trustinnews.pt/uploads/sites/5/2019/10/8043022mj.13137.jpg)
Centro de investigação artística Hangar
Mario Joao
Hangar
Um lugar de artistas aberto a todos
Inaugurado em maio, o Hangar é um centro de investigação artística. Traduza-se a definição por miúdos, para se explicar que aqui se acolhem artistas estrangeiros que, de passagem por Lisboa, encontram agora um lugar onde ficar, desenvolver o seu trabalho, expor e até interagir com outros artistas que têm aqui os seus ateliês. “Lisboa é claramente um lugar de trânsito e este espaço pretende ser um ponto de encontro entre os angolanos que vêm cá três a quatro vezes por ano, os teóricos brasileiros que passam a caminho de Madrid ou os artistas hispânicos que vêm para estudar”, diz a artista plástica Mónica de Miranda, diretora do coletivo que junta ainda Bruno Leitão (curadoria), Andreia Páscoa (produção) e Ana Almeida (serviço educativo). “Em Londres existem muitos coletivos de artes visuais, e no Porto também, curiosamente. A crise é constante e os artistas acabam por ter que encontrar outras formas de fazer as coisas, assumir outros papéis (como o de curador) e tentar sair de um contexto viciado, entre galerias e críticos de arte”, esclarece Mónica.
Além dos 12 ateliês em funcionamento e dos 10 artistas em residência que, desde maio, passaram pelo Hangar, o prédio de quatro andares na Rua Damasceno Monteiro, já a chegar à Graça, acolhe ainda exposições de artes visuais, atividades para famílias e programas para crianças (o Mini-Hangar). “Queremos cativar as pessoas para a arte e criar novos públicos”. Nos ateliês para as crianças, por exemplo, desafiam-se os mais pequenos a pensar e a experimentar várias técnicas, para que no final percebam o que é isto de ser artista. E se quiser saber o que antecipam para o futuro os artistas João Maria Gusmão & Pedro Paiva, Letícia Ramos, Elena Bajo, Jordi Colomer, Marlon de Azambuja, Rosa Barba, Edouard Decam e Louidgi Beltrame, passe pela Graça até final de fevereiro.
R. Damasceno Monteiro, 12, Lisboa > T. 21 887 0490 > qua-sáb 15h-19h; Mini-Hangar sáb-dom e férias escolares