Palácio da Pena
O jovem conservador do palácio, dr. Bruno Martinho, foi o cicerone da visita guiada pelos espaços deste majestoso edifício, eleito como uma das 7 Maravilhas de Portugal. Sugerimos que comece por olhar para cima para as cúpulas douradas, uma das primeiras intervenções foi realizada aí. O restauro da cobertura era essencial, “é um trabalho quase invisível mas primordial para evitar que o restante trabalho de restauro não fosse ‘por água abaixo’ com uma chuvada”. Agora, os azulejos estão tão brilhantes como o vitral da capela. Siga-nos na visita que começa por aí…
Coleção de pintura
É das que mais sofre com as condições climatéricas do palácio. Um pequeno laboratório de restauro de pintura foi montado numa sala fora do circuito normal de visita, devido às contingências do edifício. É lá, que em paralelo com os outros restauros, está a ser tratada pela conservadora/restauradora Diana Conde. A pintura que vemos aqui é da autoria de José Resende, já foi limpa, aplicadas bandas de suporte e massas, resta fazer as reintegrações cromáticas. É de referir que o tempo médio necessário para o restauro de uma peça destas é de cerca de um mês e meio a dois.
O vitral da capela
É na capela manuelina, que foi restaurada e reconstruída no século XIX por D. Fernando, que teve início um dos primeiros restauros, não integral, mas de um aspeto muito específico e de grande importância, a janela de vitrais. Introduzida por D. Fernando, foram encomendados na Alemanha, em Nuremberga, chegando a Portugal entre 1840-1841. Do ponto de vista iconográfico são muito significativos para a história do palácio, pois neles estão representados a Virgem da Pena ou da Penha, S. Jorge, o Patrono de Portugal, D. Manuel com a maqueta do mosteiro original e Vasco da Gama com o brasão de conde da Ervideira.
Estão montados há cerca de dois meses e merecem muito a visita. Já dentro do palácio, será possível observar os trabalhos de restauro de outros vitrais, uma experiência pouco comum…
Sala de Estar da Família Real
Vai ser restaurada integralmente e o processo já está em curso. Outrora gabinete de trabalho da rainha D. Amélia, tinha as paredes decoradas por uma pintura mural que esteve exposta ao público até 1991.
Reparações levadas a cabo no telhado levaram ao abate de parte do teto criando um rombo na parte do estuque. Optou-se por não fazer o restauro, tapando apenas a zona danificada a branco e por conseguinte não fazer a reintegração cromática. Foi então revestida a seda, porque haveria algumas notícias de que no século XIX estaria assim. O processo de restauro que decorre levou à remoção da seda, e por baixo, apareceram os problemas. As ripas de madeira, espuma e cola utilizadas para a colocação deixaram a sala com muitos problemas a nível do estuque e grandes lacunas na decoração. O levantamento fotográfico, as miras, são prova disso, está a ser feito, a seguir ao caderno de encargos, há que por mãos à obra.
Salão Nobre
Encontra-se em restauro total, do mobiliário, à luminária. Os painéis informativos existentes procuram explicar esses mesmos processos e mostrar o aspeto anterior do salão. “Queremos que estes restauros sejam sobretudo didáticos”, diz Bruno Martinho. O mobiliário foi encomendado por altura do segundo casamento de D. Fernando com a Condessa D’Edla, tendo sido pensado especificamente para este espaço. A primeira intervenção, neste momento a decorrer, é a do mobiliário. É possível ver-se as otomanas, que são os sofás de alçado com espelho, os turcos tocheiros e até as portas em pleno restauro. Serão expurgadas e estofadas de novo.
Depois, será realizada a intervenção ao nível dos estuques, mantendo o salão aberto, com uma estrutura de andaimes que permita a observação dos trabalhos sem interferir com o percurso normal de visitas.
Sala Indiana
A janela neomanuelina, inspirada no Convento de Cristo, encontra-se nesta sala. Neste momento, uma das ações de restauro a decorrer está relacionada com a recuperação da caixilharia da janela, que se encontrava muito deteriorada por causa da água que aqui entrava. Aliás toda a sala tinha graves problemas de infiltrações, mas mesmo assim é possível observar a sua beleza.
Escada das Cabaças
Era o acesso principal ao Palácio Novo e ao Salão Nobre, para que os convidados da Família Real não passassem pelos seus aposentos. Com o uso, a condensação, o desgaste natural provocado pelo tempo e os «malditos» fungos, uma praga que muitos estragos provocam, a escadaria e respetiva cúpula encontravam-se em muito mau estado. Neste momento está a ser restaurada, num processo muito interessante de ver, pois quase não se dá conta de como a restauradora pinta os desenhos na parede, parecendo quase um processo de desenho livre, apesar da reintegração pictórica, a pintura mural, obedecer a critérios muito exigentes, pois deve respeitar o desenho original.
Exposição
Na Sala do Veado está patente a exposição Vitrais e Vidros: Um gosto de D. Fernando II. Uma coleção exemplar de vidros e um conjunto de vitrais dos séculos XIV a XIX, inclusive o mais antigo vitral conhecido em Portugal pela primeira expostos e que merecem ser vistos.
Parque da Pena > T. 21 923 7300/65 > Época alta Parque 9h30-22h (último bilhete às 19h). Palácio 9h30-19h (último bilhete às 18h30). Época baixa Parque e Palácio 10h-18h (último bilhete às 17h) > €5 a €13,50
Palácio de Monserrate
A visita foi feita sob as indicações valiosíssimas, e muitas delas curiosas, da arquiteta Luísa Cortesão, responsável pelo projeto de recuperação e restauro do palácio. “É uma experiência única, normalmente fecha-se para obras e, quando se reabre, os visitantes não percebem muito bem como tudo apareceu bonito e a brilhar. Mais do que ter um palácio todo restaurado, é importante ter um palácio que mostra como é restaurado”, diz-nos a responsável, frisando o caráter didático da iniciativa. Siga os nossos passos e faça uma visita diferente, descobrindo a obra por detrás do monumento.
Átrio central
É o que pode chamar-se o coração do edifício. Uma área onde a luz indireta da cúpula faz sobressair a beleza dos trabalhos decorativos das paredes, apesar de a zona ainda não ter sido intervencionada, para além de uma limpeza superficial. No centro, a fonte outrora com água conferia frescura a este pavilhão, um tipo de construção na qual o arquiteto inglês James Knowles se inspirou quando construiu Monserrate.
Sala de Bilhar
Curiosamente, foi a que melhor se manteve ao longo do tempo, nunca teve nenhuma rutura na cobertura e tem por isso o teto completo. Por agora, podemos ver uma exposição com fotografias do tempo da família Cook, com o palácio e respetivo recheio, que resume a segunda fase do projeto, até junho de 2010 com as principais intervenções desenvolvidas e o processo documentado. Uma mais-valia para o visitante, que tem aqui uma oportunidade de perceber a dimensão das obras que foram efetuadas anteriormente para que as restantes agora prossigam.
Sala da Música
Ocupa a totalidade de um dos torreões. A lindíssima cúpula, revestida com elementos decorativos em madeira, dota a sala de condições acústicas muito boas, aliás não lhe falta o piano, instrumento utilizado nos pequenos concertos e recitais que aqui têm lugar. Esta sala tem uma função mais protocolar e formal, e mantém o aquecimento central, com os irradiadores originais nas paredes que estão ligados à caldeira alimentada a lenha, tal como no passado. Ainda não foi alvo de qualquer restauro, pois encontrava-se relativamente em “bom estado”.
Sala Indiana
Este é o espaço mais degradado do edifício, foi a sala que chegou aos responsáveis em piores condições. Tem metade do teto perdido, aquando da chegada em 2007, ainda estava escorado com uma estrutura de andaimes e parcialmente no chão, estragos feitos pela rutura na cobertura. O que aqui se pode ver é a reaplicação no teto de alguns elementos que se sabia onde pertenciam.
Esta sala será a última a ser recuperada, e “deverá servir como testemunho, para que as pessoas que visitam o palácio, pós-restauro, compreendam que não só ainda há muito que fazer, como o que pode acontecer a um espaço que não tem manutenção corrente”, diz Luísa.
Biblioteca
Foi o primeiro espaço a ser restaurado, podendo agora ser visitado na sua quase plenitude caso não sentissemos a falta dos livros nas estantes. As estantes foram expurgadas de insetos xilófagos e a lareira foi recuperada, colocando-lhe a coluna em falta. Das curiosidades desta sala fazem parte o facto de os fundos das estantes não serem de madeira, ao contrário do que parece, mas sim de estuque pintado, e o teto não ser de madeira, mas sim forrado a papel decorativo, assim como as paredes. Esta foi uma das salas onde o restauro, in loco, teve mais impacto. Por altura da obra, os trabalhos podiam ser vistos bem de perto, pois era possível subir ao andaime, duas vezes por dia, permitindo ao visitante «aprendiz», uma experiência única.
Galerias técnicas e cozinha
Ficam no piso inferior. Eram formadas por dois túneis com cerca de 70 cm de altura, por onde passava toda a tubagem das infraestruturas do palácio. O que se fez foi ampliar a galeria técnica para facilitar os trabalhos. Não é visitável, exceto em visitas técnicas muito específicas, já a cozinha vai passar a ser. No centro, a brilhar depois do restauro, destaca-se um extraordinário fogão antigo, destaque também para os azulejos das paredes.
Corredor
É uma das zonas mais decoradas, a par com os átrios. Aqui, assiste-se à “hercúlea tarefa de remover tinta”. Existem várias maneiras de a remover das paredes, à que se assiste é um método mecânico, neste caso com um bisturi de lâmina pequena, que com muito cuidado, para não chegar a danificar o estuque, remove a tinta para chegar ao relevo original. Ao observar com atenção percebe-se a diferença entre um painel já limpo, sem tinta, e outro ainda por tratar. Perca-se numa observação mais demorada, de modo a perceber todos os detalhes do desenho.
Sala de Jantar
É a obra mais visível neste momento e é na área da Sala deJantar que tudo se passa. Todas as superfícies estão a ser tratadas de maneira a repor os tons e composição decorativa originais. Uma fotografia, de bastante boa qualidade, revela muitos dos dados decorativos da sala que se pensou perdidos com o tempo. Assiste-se aos trabalhos pelas janelas que dão para o corredor. Vários elementos trabalham com tal minúcia, que um olho não treinado, quase não dá pelos progressos, a não ser quando alertado pelos profissionais. Está numa fase de conclusão, a nível de remoção dos repintes, mas ainda há muito para fazer e ver. Tratamento e trabalhos de estuque decorativos, recuperação da lareira feita em pedra mármore (com a colocação de três colunas em falta), tratamento a nível do pavimento e caixilharias. Um teste de pintura final, numa parte de uma parede, dá um cheirinho do que poderá ser visto no final do processo.
Edgar, o mordomo
Um projeto de tecnologias, o Fala Comigo, permite através de personagens virtuais ficar a conhecer mais da história de Monserrate. Por agora, na sala da biblioteca, pode dialogar com Edgar “o mordomo da casa”, para obter informação. Os seus conhecimentos até vão mais além deMonserrate. Sabe sobre muitas outras coisas, pois é constantemente monitorizado para perceber com que tipo de perguntas é abordado pelo visitante. O Edgar tanto responde à pergunta “Quem construiu o palácio?. foi Francis Cook, um milionário inglês”, como à questão “És do Benfica? Não acompanho nenhum desporto, prefiro beber chá e ler um bom livro de espionagem nos tempos livres”. No futuro, a iniciativa contará com uma mesa interativa e um posto de interação para grupos.
Parque de Monserrate > T. 21 923 7300/33 > Época alta 9h30-20h (último bilhete às 19h). Época baixa 10h-18h (último bilhete às 17h) > €5 a €7