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Nos potenciais hits do novo disco, “Comeback Kid” e “Seventeen”, Sharon Van Etten recria-se num registo que tanto a aproxima do estilo de Siouxsie Sioux como das canções narrativas de Bruce Springsteen
Alguns dos fãs mais antigos de Sharon Van Etten, cantautora que fazia de cada canção uma sessão de psicanálise, não lhe perdoarão esta ousadia de trocar o folk rock intimista por uma eletropop histriónica e, heresia das heresias, até dançável. Mas a vida é feita de mudança e a de Sharon mudou muito nos últimos quatro anos, desde o álbum Are We There, composto na ressaca de (mais) uma “relação tóxica” da artista de New Jersey, que entretanto encontrou o amor ao lado do baterista Zeke Hutchins, com quem teve um filho.
Pelo meio, dedicou-se ao cinema (escreveu guiões e estreou-se como atriz) e voltou à universidade para estudar Psicologia. É toda uma nova pessoa que se revela neste Remind Me Tomorrow. Mas debaixo dos pianos, sintetizadores e ritmos orelhudos está tudo o que fez de Sharon Van Etten uma das grandes escritoras de canções da última década. Basta ouvir o tema de abertura, I Told You Everything, em que revela alguns detalhes de um passado traumático ao novo companheiro, para perceber o quanto a música continua a ser tão importante para exorcizar fantasmas. As cores com que pinta todas as novas músicas parecem, muitas vezes, servir apenas para maquilhar uma negritude quase gótica, presente em todo o disco.
Veja o vídeo da música Comeback Kid