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“Sempre” é o sétimo disco de estúdio de Katia Guerreiro e o primeiro com produção de José Mário Branco. Marca a entrada numa nova fase no seu percurso, iniciado em 2001 com o álbum “Fado Maior”
Katia Guerreiro sempre soube rodear-se de bons músicos, para assim potenciar o seu talento natural e, ao mesmo tempo, encontrar um caminho diferenciado dentro do rico panorama do fado. Neste Sempre, tem o verdadeiro golpe de asa, ao chamar José Mário Branco para a produção – ou seja, uma autêntica lenda viva da música popular portuguesa.
Enquanto produtor de fado, José Mário Branco é responsável pela totalidade da discografia de Camané, aplicando-lhe um conceito próprio de fado (já ensaiado com Carlos do Carmo) que se caracteriza, sobretudo, pela contenção e despojamento. O que passa pela definição clara do lugar da guitarra portuguesa na canção, de forma que a voz possa ser escutada em todo o seu esplendor. Assim, José Mário extrai a essência fadista, o fado de cada um, secundarizando os adornos. Tal aconteceu com Camané e tal acontece com Katia Guerreiro. Claro que Sempre não soa a Camané, porque o timbre, a história, as origens e os gostos dos dois fadistas são bem distintos. No entanto, há neste disco qualquer coisa que se assemelha conceptualmente e que beneficia a cantora, apesar de não ser um álbum deslumbrante.
Sempre é feito de fados tradicionais (alguns com novas letras) e de fados-canção. Inclui várias letras de Manuela de Freitas e de, entre outros, Hélder Moutinho, Natália dos Anjos e da própria Katia. Tem fados mais pesados, alicerçados no mais nobre espírito fadista, mas também nele se encontra um tema tão divertido quanto Quem Diria, de José Rebola, cantado em dueto com o próprio José Mário. Quem diria que estes dois se iriam encontrar por aqui.