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Bach é um compositor tão gravado, adaptado, revisitado, reapropriado, atualizado, que custa a acreditar ainda poder haver algo novo a dizer sobre ele. Depois de artistas como Rosalyn Tureck, Glenn Gould e Murray Perahia, depois de transformações como as de Jacques Loussier e de Wendy Carlos − ou, muito antes, as de românticos e pós-românticos como Busoni e Rachmaninoff ou até o maestro Stokowski −, que mais se lhe poderá fazer? Víkingur Ólafsson oferece uma resposta.
Este é um Bach de alto virtuosismo e extremamente transparente, ao mesmo tempo emocional e contido, onde a precisão e o élan rítmicos só às vezes se excedem em velocidade. O menu segue uma lógica de gratificação rápida, o que aliás não tem mal. É uma salada de peças curtas que vai de invenções a duas e três vozes até prelúdios e fugas do Cravo Bem Temperado, passando por transcrições de músicos célebres – e uma feita pelo próprio pianista, de um movimento de uma cantata –, bem como outras peças sortidas. Comove particularmente o Adagio da sonata para órgão BWV 528, um exercício de contenção e emoção em que se mostra que a equanimidade às vezes supera a pirotecnia. A peça mais longa é a Aria variata (alla maniera italiana), uma peça de juventude que não se ouve com frequência, talvez por a sua relativa simplicidade estrutural não corresponder à ideia comum que existe sobre Bach. A afinidade, aqui, é com algumas das Toccatas. Quanto ao sereno prelúdio em mi menor do Cravo Bem Temperado, revisitado numa segunda iteração perto do fim do CD, parece ser uma obsessão de Ólafsson.
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O jovem pianista islandês Víkingur Ólafsson fez-se notar pela sua gravação dos estudos de Philip Glass, e tem dedicado atenção regular a outros compositores mais recentes. Aqui, num disco com a marca da Deutsche Grammophon, regressa a um repertório mais tradicional e dedica-se à obra de J.S. Bach