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“La Clemenza di Tito, Villazón DiDonato e outros, Chamber Orchestra of Europe, dir. Yannick Nézet-Séguin” (Deutsche Grammophon) foi composta por Mozart para a coroação do imperador Leopoldo II como rei da Boémia
Das sete maiores óperas do compositor – Idomeneo, O Rapto do Serralho, As Bodas de Fígaro, Don Giovanni, Così fan Tutte, A Flauta Mágica, La Clemenza di Tito – a última é talvez a menos conhecida. O tema clássico é algo inverosímil (desde quando é que uma ópera deve ser verosímil?), o libreto pouco animado (a milhas do que Lorenzo da Ponte forneceu ao compositor) e a sua conceção rápida (18 dias, nada que comprometesse a qualidade em Mozart) têm sido aspetos aduzidos contra a obra. Ao longo de século e meio, após a popularidade inicial, La Clemenza ficou esquecida. Sendo a terceira opera seria de Mozart, depois de Mitridate e Idomeneo, tem como tema a bondade do imperador romano que perdoa os amigos que tentaram assassiná-lo. O libreto original do famoso Metastasio já fora usado por dezenas de vezes, e Mozart utilizou uma versão cortada que lhe permitiu criar, disse, uma “verdadeira ópera”.
A sucessão algo invulgar de números musicais – apenas 11 árias, e o resto composto por duetos, trios e coros, além dos dois finais de ato – proporciona amplas oportunidades para a expressão de emoções nobres, e a ópera só precisa de uma boa produção para revelar as suas riquezas. É o que recebe aqui, com Rolando Villazón e Joyce DiDonato, excelentes nos papéis, respetivamente do imperador Tito e do amigo Sesto (na falta do castrado entra a cantora, uma fabulosa mezzo soprano). A gravação, com a sua fusão de poder sonoro e élan rítmico, é a quinta de uma série de sete lançadas por Villazón e pelo maestro Yannick Nézet-Séguin. Ainda bem que o compositor oficial da Corte – um tal Salieri – não estava disponível naqueles meses cruciais em 1791.