Podem ser lugares de memória. Que a condensam, numa imensidão infinita, como na Biblioteca de Babel ou num corpo tão pequeno e concentrado como o de um Aleph, segundo Jorge Luis Borges, que Carrión inevitavelmente cita. E podem ser lugares de esquecimento, mas também de refúgio à perseguição política, como muitas o foram durante o franquismo em Espanha, a opressão dos czares ou, depois, do partido único na Rússia, entre muitos regimes autocráticos. Ou ainda lugares de encontro entre pares. As livrarias que Jorge Carrión percorre são o mundo. Da Sophos, santuário de paz e de conhecimento na turbulenta Cidade da Guatemala, em plena guerra civil naquele país centro-americano, às de culto, como a parisiense Shakespeare and Company ou a Lello, no Porto. Trazem ao mundo uma espécie de subversão contínua e pacífica. E pode haver maior insolência do que a paz, o conhecimento e a persistência da memória?
O jornal britânico The Guardian escolheu esta obra como um dos dez melhores livros de viagens. Talvez até lhe assente bem mas, mais do que um guia para viajantes – estão aqui livrarias de quase todo o mundo –, este é um ensaio sobre o mais misterioso e infinito dos objetos: o resistente livro
Livrarias (Quetzal, 344 págs., €19,90) lançou o nome do jornalista e professor universitário Jorge Carrión