
O músico, cantor e produtor setubalense Slow J define o seu disco The Art of Slowing Down como “14 temas totalmente esquizofrénicos”
Quando regressou de Londres, onde estudou engenharia de som, poucos sabiam quem era João Batista Coelho e muito menos conheciam o seu alter-ego musical Slow J, que se revelaria nesse mesmo ano de 2013 com The Free Food Tape. O EP, composto por apenas sete músicas, foi o suficiente para começar a criar à sua volta um pequeno burburinho, cada vez mais ruidoso, à medida que a sua música ia extravasando o nicho inicial do hip-hop onde tudo começou, criando um fenómeno de culto como há muito não se via na música portuguesa. Desde logo ali deu para ver que Slow J era muito mais que um simples rapper, como tão bem demonstrou em Cristalina, um tema entretanto tornado viral, no qual parecia juntar coisas tão diferentes como James Blake ou Manel Cruz e mesmo assim soar a algo novo.
Tal como aconteceu agora, com o álbum de estreia The Art of Slowing Down, que apenas veio confirmar todas as expectativas criadas à volta do músico, cantor e produtor setubalense. Como a sua música, que viaja sem pudores pelos mais variados ambientes estéticos e sonoros, também Slow J é difícil de catalogar enquanto artista – “Sou uma pessoa que faz música”, apresenta-se. Ao longo dos “14 temas totalmente esquizofrénicos” que compõem The Art of Slowing Down, como o próprio define o disco, Slow J canta, rima e toca, com o mesmo à vontade com que vagueia pelo hip-hop e a eletrónica, mas também pelo semba, rock e até fado.
Filho de um pai angolano e de uma mãe portuguesa, a mistura está-lhe no sangue, mas a forma natural e sem preconceitos como consegue baralhar tudo isto para construir um disco perfeito, essa tem outra génese e chama-se talento.
Veja o vídeo de Arte (Meet Speedy)